31.5.09

Uns tropeços pelo caminho

Após visitar o "Elo Perdido" de Yavisa, voltamos pela panamericana até Torti – uma outra vila no caminho.
Dormimos por lá num hotelzinho “1/2 estrela” (ou seria 1/4 ?).
No dia seguinte, 23/5, acordamos numa bela manhã ensolarada.
Rapidamente, arrumamos a Dedete e pegamos a estrada.
Agora, nosso destino seria Carti na costa do atlântico, onde o veleiro que escolhemos estava ancorado, nos esperando.

Voltamos um pouco mais pela panamericana até El Llano e encontramos uma estradinha de terra.
Na dúvida, perguntamos a um rapaz se aquela era mesmo a estrada que seguia até Carti.
Confirmada a rota, logo no primeiro quilômetro, pegamos uma subida daquelas, bem íngreme e cheia de pedras.
Ficamos um pouco tensos, porém superamos esta.
Mal sabíamos o que estava nos esperando pela frente.

A estradinha até que melhorou um pouco nos quilômetros seguintes.
Aproveitamos para curtir o visual.
Estávamos iniciando a travessia da Cordilheira de San Blas, que separa o centro do Panamá e o Atlântico.
Trata-se de Território dos indios Kuna, totalmente autônomo.
O Panamá não tem qualquer influência na administração desse território.

À medida que subíamos a cordilheira, a estrada ia piorando.
Era muita pedra, o que dificultava o controle da moto. Além disso, chove muito nessa região. Então, onde não havia pedra, havia lama.
Fui tocando lentamente.

Num certo momento, não sei porque, parei a moto e falei para a Paula guardar a filmadora - ela vinha filmando todo o caminho.
Aproveitei e guardei o Almada (nosso GPS), sem desligá-lo - não ia perder a oportunidade de registrar essa travessia raramente efetuada por motociclistas.
Tiramos umas fotos e contemplamos aquela paisagem - uma mistura de mata fechada e vales - algo que nunca tínhamos atravessado de moto.
Começamos a ficar preocupados.
Pouco conversávamos, sem querer botar medo um no outro.
Estava óbvio que aquela travessia não seria nada fácil.

Uns dias antes, quando fui informado que o veleiro estava em Carti, tentei buscar informações sobre a situação da estrada através dos meus amigos do Portal ADV Rider.
Eu não tinha conseguido nenhum relato na internet de alguém que tenha escolhido esse caminho para atingir o Atlântico - não de moto.
Um amigo meu, americano e panamenho, que tem me ajudado bastante, me mandou um email dizendo que "dava para passar", mas que também não sabia de alguém que tivesse feito essa passagem de moto e, principalmente, com alguém na garupa. Mas, também me disse que o caminho era lindo e valia a pena o esforço.
Naquela altura do caminho, achamos melhor ir seguindo com cautela.
Ainda me lembro dizer para a Paula antes de prosseguirmos :
- Nós vamos bem devagar, tá. Isso não vai ser fácil.

Logo na próxima descida mais íngreme, veio a primeira surpresa:
A Dedete perdeu a aderência nas pedras e não deu para segurar...........fomos, os três, beijar o chão.
Ainda deitado , me virei para ver a Paula. Foi um alívio vê-la deitada me fazendo sinal de positivo.
Por incrível que pareça, calmamente, nos levantamos, demos uma risadinha e começamos a retirar as malas para poder levantar a coitada da Dedete, que ainda permanecia deitada.
Por sorte, uma perua parou com 4 pessoas. Eram ingleses que estavam explorando a região. Nos ajudaram a levantar a moto.
Refeitos do susto, aproveitei para questionar se conheciam a estrada.
Dois deles disseram que, “aparentemente”, estava boa. Era só ir seguindo devagar.
E devagar seguimos por 2 horas sobre lama e pedras soltas.

Resumo : mais dois “beijos no chão”. Tudo devagar, seguindo o mesmo ritual. Verificar se o outro estava bem, risadinha sem-graça, levantar a moto e seguir.
Estávamos bem cansados, sujos e ensopados de suor no meio daquela mata fechada.

A próxima surpresa foi sermos parados por índios Kuna que estavam cobrando pedágio por passarmos pela reserva – US$ 2 por pessoa mais US$ 3 pela moto. Tudo calculado na hora, na base do improviso.
Hummmmm…….naquela situação, cheios de lama, o melhor era pagar e seguir.
Novamente, questionei o estado da estrada e, novamente, fui informado que estava “boa”.
Só achei estranho quando o índio me disse em espanhol :
-      Tem um rio pequeno. Mas, acho que está seco.
Bem, não havia muito mais o que fazer, a não ser seguir vagarosamente.

Um pouco mais a frente, o “rio seco” surgiu à nossa frente.
Até onde sei, aquilo era muita água com correnteza.
Ficamos paralizados.
Só faltavam uns 2 KMs até o aeroporto de Carti - nosso destino. E estávamos exaustos.
Sentamos na beira do rio e começamos a pensar no que fazer. Até que dois jipes 4X4 chegaram. Eles também iam atravessar o rio.
Conversamos um pouco sobre onde seria o melhor lugar para cruzar. Um rapaz entrou no rio até o meio para ver a profundidade. Parecia que dava. Decidimos que uma perua iria na frente, eu viria na sequência na Dedete e a outra perua viria logo em seguida, “só pra garantir” se algo acontecesse.
Decidimos também que a Paula iria na primeira perua. Ela fez uma carinha de desgosto. Mas, naquela altura da viagem, o melhor era facilitar ao máximo a dirigibilidade da Dedete. As malas também foram colocadas na perua.

Confesso que tive medo. Acho que nunca me concentrei tanto numa atividade (vide fotos).
Fui entrando no rio com a Dedete, me esforçando para mantê-la em movimento, enquando seguia o traçado da primeira perua. Senti o frio da água entrando nas minhas botas e subindo pela perna. A Dedete foi seguindo firme no meio da correnteza. Passou pela metade, começou a ficar mais raso, até que atingimos a outra margem.
De dentro da perua, a Paula me fazia sinal de força e sorria.

Aquele evento inesperado acabou nos dando força para seguirmos o que faltava da estrada, ainda com muita lama, água e pedras.
Fui seguindo a perua até que, de repente, ela fez uma curva para a direita e entrou numa estrada asfaltada.
Não entendi nada.
Asfalto no meio da selva ?

Pronto. Chegamos !!!!
Estava motorando em plena pista do tal aeroporto de Carti.
Um pedacinho de asfalto no meio da mata.
O aeroporto é uma mistura de pista, vila e marina – fica já no mar.

No “terminal do aeroporto” (vide fotos), já tinham várias pessoas locais (Kunas) nos aguardando para colocar a moto na “lancha” (vide fotos) para chegarmos até o veleiro.
E lá fomos nós em mais essa………
Moto na “lancha, seguimos até o veleiro que nos aguardava calmamente em uma outra baía.
O processo de subida da moto no veleiro foi até bem simples. Utilizamos os cabos (adriça) da vela mestra.
Em poucos minutos, a Dedete já conhecia sua nova garagem para os próximos dias.
E assim, depois de uma noite de descanso, zarpamos para conhecer as ilhas e aldeias Kuna no arquipelago de San Blas.

30.5.09

Yavisa - o fim da metade

Chegando no Panamá

Muito bem. Vamos voltar um pouquinho no tempo.

Primeiro, cruzamos a fronteira entre Costa Rica e Panamá.
Na fronteira, descobrirmos uma janela na Aduana onde vários aventureiros deixaram suas marcas, colantes, lembrancas etc.
Conseguimos autorizacao para colocar um colante "DaQuintaPraNove" no local.
Ficou bem legal.



Tocamos direto até a Cidade do Panamá.
Foi uma puxada bem cansativa em 8 horas. Porém, precisávamos disso para podermos incluir no plano uma visita a Yavisa, no final da Rodovia Panamericana - algo que não estava em nosso planejamento inicial.

No dia seguinte, fomos conhecer a Eclusa "Miraflores" no Canal do Panamá.
Achei a técnica utilizada para a construcao do Canal muito interessante, principalmente se considerarmos que trata-se de um projeto desenvolvido no início do século 20.
O fato que me chamou mais a atencao é a simplicidade do processo de subida e descida dos navios que atravessam o canal, tudo feito sem utilização de qualquer bomba mecânica.
A água preenche os compartimentos das eclusas por pressão natural vinda do lago - o qual está localizado acima do nível do mar.

Acredito muito na simplicidade como algo fundamental para concretizarmos nossos sonhos.

Também fomos conhecer o Museu do Canal e busquei bastante informacao sobre a Gestao desse grande projeto.


Miraflores - uma das Eclusas do Canal


Navio subindo na Eclusa Miraflores



29.5.09

Bienvenidos a Cartagena de Indias - Colômbia

Queridos amigos aventureiros,

     Chegamos à América do Sul !!!!
     Estamos em Cartagena, na Colômbia.
     Hoje, finalmente, descemos a Dedete do veleiro e fomos para um hotelzinho.
     Foi uma semana cheia, muito cheia de experiências.
     Fomos até o final da Rodovia Panamericana, depois cruzamos a Cordilheira de San Blas (muito dificil), colocamos a Dedete no veleiro e cruzamos até Cartagena, passando por várias Ilhas habitadas por indios Kunas.
     Muitas histórias, fotos e videos acumulados.
     Estamos bem cansados.
     Devagar, vamos colocando as coisas em ordem.
     Essa mensagem é só para dizer que estamos bem e seguindo nosso sonho.
     Muito obrigado por todas as mensagens, emails de apoio.
     Vocês estão nos ajudando muito nessa jornada.

Lúcio & Maria Paula

21.5.09

No Canal do Panamá !!!

Cruzamos o Canal do Panamá !!!!!
Muita emoção quando avistamos esse famoso marco e cruzamos a ponte.
Já fomos dar uma espiada nas eclusas, Museu do Canal etc.
Depois, com calma, postamos tudinho.

Agora, estamos nos preparando para conhecer as Comunidades Embera próximas ao Darién Gap (espaço que separa Panamá e Colômbia).
Na sequência, vamos conversar com o proprietário do veleiro que nos pareceu adequado para fazer a travessia até Cartagena - Colômbia.
O Diário de Bordo deve ficar desatualizado uns dias. Vamos entrar agora numa região sem acesso à internet.

Torçam por nós !!!

20.5.09

Portal Rock Riders

Muito bacana a oportunidade de conversar com o jornalista Policarpo Jr. do Portal Rock Riders.
Se quiserem ver na íntegra :

19.5.09

Uma lembrança para você

Gostaríamos de oferecer a imagem ao lado (Jardín Botánico Lankester - Costa Rica) a todos que tem nos acompanhado nessa jornada.

São tantas manifestações de carinho e apoio que temos recebido diariamente.
O melhor sentimento é saber que não estamos viajando somente "a dois".
Somos muitos :
Clubes, individuos, casais, brasileiros, portugueses, americanos, os mais experientes (+ idade), os novatos (mais novos).......
Cada um ocupando seu espacinho na Dedete.

Muito obrigado !!!

Lúcio & Maria Paula
Sempre nas Estradas

15.5.09

Também é hora da revisão do planejamento

Como mencionamos em outro post, estamos aproveitando a etapa da Costa Rica para fazermos uma análise mais detalhada do nosso planejamento e as próximas etapas.
Como sempre gosto de frisar, montar um plano e acompanhá-lo são atividades muito interessantes e até divertidas.

De uma forma geral, estamos seguindo o planejado.
Mas............................Graças a Deus, sempre tem um (ou alguns) "mas".
Ao longo do caminho, estão surgindo oportunidades que, para abraçá-las, teremos que ajustar nosso plano.

Uma delas, que está me "tentando" dia e noite, é seguirmos até o fim da rodovia panamericana no Panamá.
Até o fim ?
Sim. A rodovia panamericana acaba em certo ponto no Panamá (Yavisa) e só recomeça na Colômbia. Não há como atravessar esse pedaço conhecido como "Darien".
Veja bem: "não há" é algo muito forte. Que tem jeito, tem.
Mas, nós já havíamos decidido que não queríamos correr esse risco.
Porém, ir até a "pontinha" da estrada (Yavisa) conhecer as comunidades Embera - ao invés de virar para o norte na Cidade do Panamá - é algo que começou a crescer na minha cabeça. Estamos analisando.

Com relação à travessia em sí (Panamá - Colômbia), estou na fase de, digamos, "negociação" com os proprietários dos veleiros.
Uma coisa foi entrar em contato e deixar as embarcações "engatilhadas". Outra é, agora, fecharmos o negócio.

Duas embarcações já foram descartadas.
Uma, por pura questão de segurança (ou falta de). Não se encaixou nas minhas premissas.
Outra, porque o proprietário colocou tanta restrição que, também, não me senti confortável em pegar o timão.

Dentre as coisas que tenho muito respeito estão : o mar e as estradas.
Já defini algumas premissas de segurança com relação a essa travessia pelo mar e, até que me provem o contrário, não posso abrir mão delas.
Risco sempre haverá (bem........tem sempre o cemitério para quem estiver em busca de "risco zero"). Mas, já definimos nossa tolerância e como pretendemos mitigar os riscos existentes.

Enfim, estou negociando com mais uma embarcação. Vamos ver.
Se não der certo, teremos que abortar a travessia pelo mar e seguir a tradicional travessia pelos ares (arrghh).

Só não vou colocar a "Equipe" em risco adicional, desnecessário.

14.5.09

Hora do descanso da Dedete

Estamos na Costa Rica.

Após alguns dias conhecendo o litoral do Pacífico desse lindo país, chegamos a San José.
Aqui, colocamos a Dedete para uma merecida revisão.
Enquanto isso, vamos explorar a região (vulcões, fazendas de café, as termas e a própria capital - conhecida por ser um importante centro cultural da América Central).
San José, por sinal, já nos deixou uma boa impressão.
Apesar de ser a Capital Federal, é uma cidade de médio porte. Nada da loucura de grandes metrópoles. Muito limpa e bem cuidada.

E a Dedete ficou descansando a algumas quadras do nosso hotelzinho.
Na hora de entregá-la à oficina, a Maria Paula olhou meio tristonha e disse :
- Será que ela vai ficar bem ?

Saímos pelas ruas andando e dando gargalhadas.

Mas que dá uma saudadezinha, isso dá.........

12.5.09

Por onde anda o Almada

Nosso companheiro Almada (nosso GPS) segue fielmente conosco, passo-a-passo.
No entanto, desde que saímos dos EUA sua função mudou um pouco.

Dentro do território americano, você pode se deixar guiado, integralmente, pelo GPS.
O detalhe dos mapas é de excelente qualidade. Não há como se perder.
Assim, não há necessidade de mapas no papel (apesar de eu sempre mantê-los conosco).

No entanto, a partir do momento que você deixa o território americano, a qualidade dos mapas (mesmo adquirindo mapas adicionais, específicos daquela região) é bem inferior.
Fica muito dificil confiar neles para roteamento automático.
Sei de vários projetos independentes para melhorar a qualidade dos mapas em outras regiões do planeta.
Por exemplo: o Projeto Tracksource no Brasil.
Bom, vamos ver quando chegarmos em território brasileiro.

Nesse momento, o Almada está nos ajudando na coleta de informações da rota.
Estamos utilizando-o muito nesse sentido.
Todos os dias, após o trecho percorrido, faço o download dos dados para o computador e vou analisando nossa performance : distância percorrida, tempo rodando, tempo parado, altitude, velocidade média etc.
Além disso, jogamos a rota percorrida no mapa para acompanhamento.

O Almada segue como parte integrante da Equipe que se esforça, dia-a-dia, para a execução desse sonho.
Quanta ajuda temos recebido.

7.5.09

Por El Salvador

Lago El Jocotal - El Salvador

Olá Companheiros da Estrada.

Saímos de Antígua-Guatemala com destino à fronteira de El Salvador. Viagem tranquila por boas estradas, apesar de pista simples, até chegar, pela primeira vez nessa viagem, à Costa do Pacífico.
Nos preocupa o excesso de animais nas estradas da América Central, especialmente gado. Temos que estar atentos o tempo todo.



Belos penhascos e uma estrada que vai contornando a costa salvadorenha.
Lá embaixo, praias com areias escurinhas.
Escurinhas ???
Por ser uma região vulcânica, a areia apresenta uma cor bem escura, parecendo até petróleo. Bem diferente da cor clarinha do Caribe.
Inicialmente, assusta um pouco. Porém, é só uma questão de acostumar os olhos.

Encontramos algumas praias limpas e outras nem tanto.
Nosso destino era La Libertad.
Um pouco de dificuldade para encontrar um hotel e algumas situações inconvenientes.
Depois, foi super legal curtir a região por 3 dias.

De La Libertad, seguimos para uma cidade que fica, estrategicamente, perto da divisa com Honduras: San Miguel.
Fomos conhecer o "Vulcão San Miguel".

Mas, na verdade, nosso principal objetivo de estar alí, pertinho da fronteira com Honduras, era descansar e estar prontos para a "grande batalha", aguardada por meses.

Já sabíamos, pelos estudos de preparação da viagem, que passar por Honduras era "complicado".
Dentre vários conselhos, me lembro de um, de um amigo americano, que descreveu bem o que teríamos pela frente :
- Honduras Aduana is hell.

Assim, desde Nova York, estávamos preparados para visitar o inferno com todas as armas e estratégias possíveis e imagináveis.

E o dia da visita chegou.......

6.5.09

Querida amiga .... - byMP



Gina me mandou um email bem a seu estilo:

"Hello, Maria !"

Na segunda linha, trouxe seu interesse primordial :

"And what about food ? Any desease? rsrs"

E na terceira linha, me desejou toda a sorte do mundo e muita proteção durante todo o meu caminho :
"Take care !!!" 

Gina foi minha colega de curso.
Estudamos, juntas, culinária em Nova York.
Ela é uma excelente gourmet. Na verdade, Gina adora mesmo é comer e se diverte muito fazendo isso.

Okay, Querida Gina. Então, vamos lá !

Notícias da mesa:

Sobre o México:
Nunca vi uma bandeira nacional que representasse tão bem a cultura fervorosa de seu povo.
A faixa branca, no meio da bandeira, só serviu mesmo para dividir as duas principais cores dessa nação.
As cores mandatórias são o verde e o vermelho e representam, respectivamente, o avocado e a pimenta pura.

Amiga, haja "coração", pra não escrever outra coisa aqui.
Se você não tomar cuidado, há sempre uma "lembrança" da refeição anterior, no dia seguinte.
Por conta disso, segue abaixo minha recomendação.

Se você é mesmo uma pessoa arrojada, bem preparada na vida para superar desafios e não passa, um dia sequer, sem pensar "eu quero novos desafios" .... então vá em frente, arrisque-se.
Peça um típico café da manhã mexicano - com pimenta e tudo - e Seja Feliz !

Se você é uma pessoa mais conservadora, zelosa e gosta de preservar o que é seu, mas, lá no seu âmago, brota uma tímida e secreta vontade de se aventurar .... então, essa pode ser a sua hora !
Não perca oportunidades, apenas faça sua escolha pelo KID MENU. Certamente você sentirá "o gosto típico local" e garanto que seu prejuízo será mitigado.

Mesa da Guatemala:
Essa turma colorida e cheia de sorriso adora colocar coentro em tudo. Em tudo mesmo !
O café da manhã típico é tutu de feijão, ovos - mexidos ou omelete e banana frita docinha.
O almoço típico é tutu de feijão, ovos - mexidos ou omelete e torta de maçã e uma bola de sorvete de creme.
O jantar típico pode ficar por sua conta. Há, sim, outras variações da culinária guatemalteca e todas são deliciosas!

Segue algumas sugestões por onde passamos.
Afinal Gina, quem disse que você logo logo não poderá dar uma passadinha por esses lugares e fazer suas próprias anotações ?

Se estiver em Rio Dulce :
Restaurante Ranchon Mary El Relleno, na Marina bem embaixo da ponte. São quiosques individuais de sapé, à beira dágua, podendo observar veleiros de países diferentes.
Fomos de caldo quente de peixe seguido de robalo ao vapor. Tempero ? Tomates e cebola bem picadinhos e coentro, of course.

Em La Antigua tudo é um charme só e de muito bom gosto, quiça seus hotéis e restaurantes.
No estilo colonial, com muita madeira rústica e cores, escolhemos 3 para experimentar:
- Restaurante Las Antorchas (3 Av SUR)
Mesas entre flores e fonte de água. Entrada com pão caseiro e duas opções de molho : chamichurri ou coentro.
- Restaurante Fonda de La Calle Real (3 calle poniente n.7)
Cozinha típica guatemalteca meeeesmo.
- E o meu preferido : o maravilhoso Restaurante El Sabor Del Tiempo ( 5 Av norte Y 3 calle poniente)
Um armazém velho. Mesas e cadeiras de madeira rústica. Pouca iluminação e meio amarelada. Serve também como ponto de venda de bebidas alcóolicas - vinhos, whisky e, a campeã de vendas, aguardente guatemalteca Quezalteca-Especial, 200ml, 500ml ou 1 litro.
Todas as bebidas empilhadas em prateleiras velhas de madeira e outras em caixotes velhos. As garrafas que ficavam mais ao alto, guardavam um pouco de poeira.
Tinha, também, vidros vazios espalhados que pareciam frascos de remédios de antigas "pharmácias" e umas caixinhas miúdas, parecidas com aquelas de guardar traques - aqueles que estourávamos na época do ginásio, em dia de festa junina.
A maquina registradora de ferro, de uns 500 anos, que deve ter vindo junto com os espanhóis, ainda estava em uso! Acredita ?
Eu amei esse lugar !! Ficou como o meu preferido.
Estar naquele armazém, olhar meu marido jantando e admirar seu rosto com a pouca luz de uma vela velha na mesa, fez a minha noite ser maravilhosa, perfeita !
Ah, desculpa. Não me lembro nada sobre o cardápio.
Naquela noite, a comida era o de menos ......
Bjos, Gina !
E boa sorte para você, Garota !

Estilo rústico / colonial dos interiores em Antigua

5.5.09

Marcas na Estrada

Recentemente, a Maria Paula escreveu um pouco sobre o que vimos nessas 4 mil e tantas milhas já percorridas (uns 7000 Kms).
Com certeza, já vimos e aprendemos muito.
Mas, também, já temos nossas Marcas.

Meu braço direito apresenta uma dor estranha. Nunca tive tendinite, mas estou ligado.
Sei que devem estar pensando que é devido ao longo tempo acelerando a Dedete. Mas, ela tem trava de acelerador. Não preciso ficar puxando o acelerador o tempo todo.
Sei lá.
Também tem uma dorzinha diferente no joelho.
A Maria Paula também está sentindo os joelhos.

Altitude e temperatura elevada (com as roupas de viagem) geram dores de cabeça e queda de pressão.

Sempre nos exercitamos. Estamos sentindo falta disso.
Sem isso, estou ganhando peso.
A Maria Paula não !!!! Isso nunca !!!! Pelo menos, não da minha boca.

Não está sobrando tempo para alongamentos.

Apesar da Maria Paula não reclamar, sei que está sentindo falta dos cuidados com cabelo, pele etc. etc. (vários etc.).

A Dedete já não está brilhando da forma que estava quando fui buscá-la na Carolina do Norte, apesar de continuar cumprindo, à risca, sua missão.
Necessita um bom banho.
De manhã cedo, quando engato as malas no rack para partirmos, parece que ela diz: "hoje de novo, é ?"
Mal ela sabe o que vem pela frente.

A lavagem das roupas não segue os cuidados que, obviamente, gostaríamos.
Certa vez, um amigo me contava sobre uma longa viagem que fez de bicicleta. Ele me explicava que o importante era sempre "refrescar" as roupas.
"Refrescar" ?
Puxa. Desde pequeno, aprendi que banho tomado, dentes escovados e roupa lavada era regra básica de higiene. Ponto final. Não tinha essa de "refrescar roupas".

Enfim, sem dúvida nenhuma, gradativamente, a Estrada vai deixando suas marcas.
Faz parte........

4.5.09

Antigua Guatemala


No dia seguinte, já restabelecidos e prontos para outra, saímos logo cedo para Antigua, a antiga capital da Guatemala e, hoje, um centro turístico.
Descansados, curtimos bastante o rápido percurso ( 50KMs de Guate).
Na chegada, tivemos a grata surpresa de encontrar uma cidade estilo colonial muito bem preservada, cheia de hotéis, restaurantes, ruelas de pedra e muita gente vivendo do turismo.

Antigua é Patrimônio Mundial da Unesco e, com certeza, faz mérito à classificação.
Aqui, relaxamos, deixamos a mente viajar no tempo e, claro, colhemos muito material fotográfico

"Guate" a 6 mil pés


A viagem de El Remate a Rio Dulce foi bem tranquila.
Viajamos no sentido Norte-Sul. Primeiro, numa área de planícies e, na sequência, uma região montanhosa.

Rio Dulce fica próxima à divisa com Honduras e é conhecida por sua baía cheia de barcos, restaurantes e prainhas.

De Rio Dulce, pegamos a rodovia que corta a Guatemala de Leste a Oeste. Uma rodovia bem movimentada, com muitos caminhões carregando containers. Essa rodovia liga a costa do Pacífico e a Cidade de Guatemala à Costa do Caribe (Cidade de Puerto Barrios). Uma verdadeira “corrida maluca” entre caminhões.

Nesse perna da viagem, iríamos percorrer 280 KMs até a Cidade da Guatemala e mais 50 KMs até Antigua (nosso destino).
Saímos de Rio Dulce logo após o almoço, imaginando chegar na Cidade da Guatemala, ou “Guate” (apelido carinhoso do povo guatemalteco), por volta das 16:30 e seguir direto para Antigua.
A Cidade da Guatemala não era uma recomendação para motociclistas estrangeiros, principalmente à noite.

Estávamos percorrendo bem o caminho, parando, inclusive, para fotos e videos.
Acontece que os ultimos 60 KMs dessa estrada, antes de chegar em “Guate”, é subida forte até os 6 mil pés de altura, onde situa-se a capital. Isso percorrido, na maior parte do tempo, em pista simples cheia de caminhões, significa muito tempo perdido.
Além disso, estamos falando de um casal acostumado a viver em baixas altitudes. Ou seja, não tenham dúvida que começamos a sentir a altitude. Um pouco de enjôo e dores de cabeça.

O resultado foi que chegamos em "Guate" no horário do famoso “rush”.
Claro que a estrada para Antigua ficava do outro lado da cidade. Teríamos que atravessar Guate naquele horário "gostoso".
Para complicar só mais um pouquinho a situação, fomos parados em uma blitz policial e começou a chover forte.

Assim, atravessamos “Guate”, com todos seus problemas de metrópole (trânsito maluco, poluição, perigos), já no escuro.
Estávamos cansados, molhados e já estressados com a situação toda. E ainda teríamos mais 50 KMs de mais subidas e descidas fortes, entre vulcões (já extintos – só essa que nos faltava) até Antigua.

Já nos subúrbios de “Guate”, vimos uma placa “Auto Hotel”.
Não podíamos estar errados: um motelzinho bem ao estilo brasileiro. Não tivemos dúvida, foi alí mesmo que ficamos.
Cansados, não tivemos “ânimo” para mais nada.
Chega de “aventura” por hoje.

3.5.09

Sobre nossa bagagem - byMP

Será que você também olhou nossas fotos, ficou curioso e pensou: “Como será que aqueles 2 conseguem viajar por tanto tempo carregando só aquelas 3 maletinhas penduradas na moto ? O que eles puseram ? Ali só cabe cueca, oras bolas ! ”

Lá dentro tem blusa de frio, cachecol, camiseta, calça jeans, meias, short, biquini, Havaianas e cremes - só mesmo os indispensáveis : cabelo, rosto e pescoço, filtro protetor 30, ácido retinóico e secante de espinhas.

Tem ainda:
- Kit Primeiros Socorros (antinflamatório, comprimido para enxaqueca, pomadas de cortizona e para infecção e Bandaids etc.);

- Kit de reparo para pneu, spray lubrificante de corrente, medidor de ar, ferramenta extra, bombinha elétrica de encher pneu e alguns estiques de elástico etc.;

- Kit para lentes de contato, papel higiênico, trim para as unhas etc.

Nosso plano era iniciar a viagem utilizando somente 70 % da capacidade de nossas malas. E cumprimos. Saímos de Nova York ainda no frio. Mas, seguindo rumo sul, logo estaríamos fervendo nesse “calor dos infernos”.
Por isso, tínhamos que ter espaço extra para guardar o forro removível da nossa roupa de motociclista.
Já sei, você deve estar pensado : ”Eles bem que podiam despachar esse forro para algum lugar e aproveitar melhor aquele espaço ..... Pô, e as cuecas onde vão ?”
Nada mal, se não fosse nossa previsão de, também, poder trincar os dentes no frio dos Andes.

Mas, porque estou contando sobre a nossa bagagem a essa altura da viagem?
Porque, nos últimos dias, batemos 4 mil milhas sobre 2 rodas.
E por essas estradas que passei até agora, o que vi ?
Eu vi, na beira de estradas, muitas casas precárias, simples, de tábua.


Eu vi essas casas de tábua formarem vilas miúdas, praticamente sem recursos. Mas, todas tinham escolas.
Eu vi essas escolas pintadas e cheias de crianças brincando. E todas vestiam uniforme.



Nessas primeiras 4 mil milhas, também fizemos novos amigos.
Pelas estradas, arranhando o espanhol e concluindo numa ou noutra mímica, encontramos e conhecemos o povo local.



Eu vi gente. Gente diferente. Gente de marcas sofridas e outras cheias de sorriso – uns sem dente e outros sobrando ouro nos dentes.



Além dessas pessoas que cruzamos pelas estradas, outros amigos surgiram nesse caminho.

Por causa do nosso Diário de Bordo, conhecemos outros ribeirão-pretanos, apareceram parentes de perto e de longe que andavam distantes, surgiram novos amigos de Portugal, Angola, EUA, Inglaterra, Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Rio, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul etc.... que estão viajando conosco, nos incentivando e orando por nós.
“A Bagagem” dessa aventura será muito maior do que imaginávamos.

Que Deus nos permita espaço para muito mais......... e, quem sabe, até para as cuecas !

Um abraço enorme em cada “coração - 4 mil milhas” que está conosco.