30.6.09

DaQuintaPraNove na Mídia - últimas matérias

Revista Revide



Folha de S. Paulo


Estamos, também, na Folha Online como a 3a. Reportagem de Turismo mais lida :

A propósito, ainda não cheguei aos 54 anos de idade, como mencionou a matéria. Apesar do corpinho de 53, tenho 45.

Muito obrigado a todos pelo apoio e participação nessa aventura.

Lúcio & Maria Paula

A Nova Porto Velho

Saímos de Rio Branco e pegamos a rodovia que liga essa bela cidade a Porto Velho.
São 530 kms.
Na primeira parte, fomos rodando no meio da mata até cruzarmos para o Estado de Rondonia e chegarmos ao Rio Madeira. Um cenário lindo.

No Rio Madeira, que espanta pela sua grandiosidade, esperamos uns 10 minutos a balsa para atravessá-lo. Por algum motivo, ainda desconhecido, não há ponte alí. Muito estranho, considerando o desenvolvimento da região, principalmente com a criação da Rodovia Transoceânica (ou Rodovia do Pacífico, como é chamada aqui).

Na balsa, conhecemos o simpático casal - Prof. Léo e Sheila - que voltavam de um curso de Gestão Empresarial em Rio Branco.
Prof. Léo nos presenteou com uma bela aula de História e Geografia da região, enquanto a balsa cruzava, lentamente, o Madeira.
Trata-se de um casal com muita energia e visão de negócios, participando do desenvolvimento da Região Norte do Brasil.
Um prazer muito grande conhecê-los.

Na sequência, mais 250 kms de estrada que, certamente, necessitam de cuidados - muitos buracos e ondulações. Mais uma vez, com o claro desenvolvimento da região, não é possivel manter as rodovias em condições precárias.
Observamos, também, uma forte pecuária no Estado de Rondonia durante todo o percurso.
Já de noitinha, chegamos à capital: Porto Velho.
Rapidamente, encontramos alguns bons hotéis da cidade.
Para nossa surpresa, os 2 primeiros estavam lotados e só fomos encontrar vaga num terceiro, após pesquisa por telefone.
Perguntando o que se passava para tamanha procura por hotéis, fomos informados que "é isso mesmo, o tempo todo".
Porto Velho está em franca expansão.
Há, também, a construção da nova Usina Hidrelétrica no Rio Madeira, que está atraindo milhares de trabalhadores para a região.

Banho tomado, fomos encontrar o casal de amigos, Karina e Henrique, que, assim como muitos, em busca de oportunidades profissionais, mudaram-se para essa cidade.

No dia seguinte, fui levar a Dedete para a Concessionária Suzuki para revisão.

Na sequência, Henrique cuidou de nós, nos levando para conhecer os principais pontos da cidade.
Porto Velho impressiona pelo crescimento e oportunidades.
Sua história, que vem desde a abertura da ferrovia Madeira-Mamoré, pode ser conferida na desativada Estação Ferroviária.
Locomotivas trazidas da Alemanha e EUA podem ser observadas lá. Com um pouco mais de cuidado, estamos falando de um museu muito interessante que relata parte da história do Brasil.
Henrique, desde sua mudança para cá, vem estudando muito a história de Rondonia e nos passou muitas informações interessantíssimas.
A Paula ainda aproveitou para tirar mais uma tonelada de imagens, registrando o entardecer no Rio Madeira.

À noite, Henrique e Karina nos levaram para conhecer a Festa Junina típica da região : Flor de Maracujá.
Uma grande festa muito bem estruturada, que dura o mês todo de Junho, com apresentações de quadrilhas típicas da região e uma farta oferta de alimentos. Nos delíciamos por lá.

Hoje, vamos continuar nosso tour por Porto Velho, aguardando a Dedete ficar pronta no spa para nossa próxima "pernada".

29.6.09

Simplesmente, uma ponte


Para muitos, simplesmente uma ponte enfiada no meio da Selva Amazônica, separando o Brasil do Perú.
Para nós, o local onde tocamos o solo brasileiro e o molhamos com algumas lágrimas.
Um marco muito importante em nosso projeto.

"Ponte da Integração Brasil-Perú" :  nunca te esqueceremos !!!

28.6.09

Brasil !!!

Companheiros de Estrada,

     Chegamos a Rio Branco - Acre !!!

     Após atravessar o Rio Madre de Díos numa canoa, ainda em Puerto Maldonado, e seguir por mais uns 50 kms de terra, atingimos o asfalto. Ufa !
     100 kms depois, numa tarde nublada de sábado (27/06/09), no meio da Amazônia, chegamos a Iñapari/Assis-Brasil na divisa do Perú com o Brasil.
     Fizemos nossa "festinha" na alfandega deserta brasileira - só nós e 3 funcionários que assistiam o futebol na tv.
     Fizemos, também, a documentação para entrada da Dedete em território brasileiro e por volta das 17:00 já estávamos apresentando as estradas tupiniquins à nossa convidada.
     Decidimos seguir até Rio Branco - 330kms, agora de puro asfalto.

     No caminho, paramos em Brasiléia para um lanchinho na Padaria local, com direito a pãozinho quente, presunto, queijo e, de quebra, um docinho brasileiro.
     As atendentes da padaria não entendiam aquela emoção toda.
     Quando explicamos, uma senhora colocou a mão na boca, com cara de espanto, e disse :
     - Deus me livre. Tem que ter muita coragem para isso. E essa mocinha estava com o senhor ?
     - Essa mocinha não só estava comigo como empurrou moto para fora de riacho, além de outras coisas - respondi.

    Saímos felizes e com o estômago satisfeito.
    Rodamos até Rio Branco, assistindo o cair da noite na Amazônia.
    Chegamos por volta das 21:00 e encontramos um bom hotel para descansar.
    Hoje é dia de conhecer a nossa primeira capital brasileira.

    Mais uma etapa cumprida.

26.6.09

Chegamos a Puerto Maldonado

Hola Amigos,

      Chegamos em Puerto Maldonado !!!!
      Após 3 dias de "batalha" para atravessar a Rodovia Transoceânica, estamos próximos da fronteira com o Acre.
      E que batalha !!!!
      Impressionante.

      Essa rodovia, uma vez pronta, será uma excelente opção para turistas conhecerem as belezas da Amazônia, a Cordilheira dos Andes e a Costa Peruana do Pacífico, sem contar as vantagens econômicas para os 2 países.

      Saímos de Cusco pela "porta dos fundos" e fomos subindo, cruzando a Cordilheira dos Andes.
      Logo no primeiro KM da Carretera Interoceânica, encontramos uma placa enorme informando as distâncias das próximas cidades. Para nossa surpresa, pela primeira vez nessa viagem, vimos o nome "São Paulo". Ficamos muito emocionados. Sentimos que estávamos mais perto de casa.
      Porém, a verdade ainda estava por vir.
      A estrada era pequena, zigue-zague pelas montanhas, encontrando Llamas pelo caminho, casinhas de pedras e picos de neve e gelo.

      Após 100 kms nessas condições, chegamos a Marcapata, um vilarejo no alto dos Andes, formado por uns 20 barracos que abrigam trabalhadores da rodovia.
      Conseguimos um teto compartilhado com outro trabalhador para passar a noite.

      No dia seguinte, às 4:30 da madrugada, junto com os trabalhadores da estrada, tomamos nosso café da manhã em um "Comedor" e pegamos a estrada.
      Dessa vez, fomos descendo do outro lado da cordilheira, adentrando a selva amazônica.

      Por volta das 9:00, já tínhamos descido toda a cordilheira e estávamos parados numa barreira temporária, criada para permitir que as máquinas se movimentem na rodovia.
      Tivemos que esperar até o meio-dia. Dia de trabalho duro por lá.
      Foi uma oportunidade para conhecermos alguns trabalhadores da grande obra. Gente muito boa.
      Uma coisa muito interessante foi observar que a maioria das máquinas pesadas (escavadeiras, motoniveladoras, tratores etc.) é dirigida por mulheres. Peruanas simpáticas que acenavam para nós quando cruzávamos os canteiros de obra.

       Ao meio-dia, a rodovia foi novamente aberta para o trânsito de veículos. Daí em diante, entramos em mata fechada, rodando no meio da lama, pedras e riachos, até atingirmos, por volta das 5:00 da tarde, o vilarejo de Quincemil.
       Esse vilarejo lembrava bem um cenário de faroeste americano :
       Uma rua (a tal Rodovia Transoceânica) umas 30 casas e nada mais.
       Encontramos uma "hospedagem" para passar a noite.

       Consegui uns litros de gasolina na casa da "Señora Gasolinera".
       A Paula riu muito quando me viu atravessando a rodovia com um balde de gasolina.
       Dedete abastecida, fomos procurar algo para comer, fechando os olhos para a cozinha do local.
       O cansaço bateu e por volta das 7:30 da noite já estávamos apagando em nossa "suite presidencial", juntamente com mosquitos, pernilongos, mariposas da selva. Quanta companhia !!!

       Dia seguinte, o plano era acordar às 4:30 e pegar a "estrada". Mas............a chuva chegou, e forte, durante toda a noite.
       Resolvemos esperar até o meio-dia, horário que a rodovia seria aberta, mais uma vez, para automóveis.
       Assim, rodamos no período da tarde, novamente entre lama, travessia de riachos, pedras, um pouco de asfalto, até a grande e famosa Mazuko.

       Antes de sairmos de Quincemil, fomos avisados que Mazuko era bem maior e tinha até hotel de 2 andares.
       Bem, Mazuko é isso: igual a Quincemil com um famoso "hotel" de 2 andares.
       É um vilarejo que serve de base para os garimpeiros da região.
       Claro que escolhemos o tal "hotel 2 andares" para passarmos a noite.
       Olha, nem dá para descrever o local.
       Para resumir: quando fui sentar na cama - isso. só sentar, nada muito radical - a mesma desmontou e lá fui eu para o chão.
        Não acreditei. Me esforcei o dia todo com a Dedete para não cair e fui pro chão logo no quarto do hotel "de 2 andares".

       Colchão no chão, sem vidro na janela e lá fomos nós na tentativa de um pouco de descanso.
       Detalhe: estava acontecendo algo muito animado na rua. O barulho era infernal.
       Toda a sociedade canina passou a noite "conversando" bem embaixo da nossa janela.

       No dia seguinte, seguimos viagem, no mesmo cenário lindo da mata, no meio das obras da estrada e da Amazônia Peruana, até chegarmos ao entardecer e bem cansados a Puerto Maldonado.
       Puerto já é uma cidade bem mais estruturada.
       Conseguimos um hotel com chuveiro quente, roupa de cama limpinha, janela e tudo mais.
       Tem até um barzinho com cerveja gelada e internet. Adivinhem onde estamos agora ?

       Nosso plano é atingir a divisa Perú-Brasil amanhã e seguir até Rio Branco - Acre.

       Apesar de bem cansados, estamos muito felizes pela escolha da rota alternativa.
       A Amazônia é uma região dificil de descrever. Só conhecendo para sentir sua força e riqueza.
       Também gostamos muito de conhecer a obra da Rodovia Transoceânica, seus trabalhadores e as oportunidades que essa obra pode trazer para os 2 países.

       Amanhã, se Deus quiser, mais um marco de nossa viagem será alcançado...........

25.6.09

Avançando - devagar e sempre

Olá Amigos Estradeiros,

Estamos avançando pela mata.
Hoje, conseguimos atingir um outro vilarejo : Mazuko.
Muita lama, travessia de rios, obras na estrada, visual lindo (mata fechada) e bons papos com o povo local.
Nao há condiçoes de postarmos fotos ainda. A internet que conseguimos aqui é movida a carvao. Temos que ter paciência.

Estamos a 150 kms de Puerto Maldonado e, aproximadamente, 300 kms da fronteira com o Brasil.
Só que pelas condiçoes de estrada que temos encontrado, talvez consigamos atingir a fronteira amanha. Isso se pegarmos a estrada às 4:30 da madrugada e tocarmos atè o anoitecer.

Estamos bem, muito animados.
O cansaço está sendo superado pelo espírito da aventura e pelo conhecimento adquirido.
A Dedete segue dando um show, agora na lama.

Em breve, enviaremos mais informaçoes.
Muito obrigado pelas mensagens e emails recebidos.
Sigam conosco,

Lúcio e Maria Paula

24.6.09

No meio da Amazônia Peruana

Amigos,

O bloqueio nas estradas do Perú segue, sem expectativa de término.
Assim, após muita análise, optamos por uma ¨rota alternativa¨.

Jà tínhamos ouvido falar da Rodovia Transoceânica que liga o Perú ao Brasil (pelo Acre). No entanto, era (e é) uma rodovia ainda em construçao.
Ainda em Nova York, conversamos sobre a idéia de um dia conhecê-la. Só nao esperávamos que seria tao cedo.

Entao, após muita conversa, consultas e telefonemas (até para o DNIT no Brasil) resolvemos partir para essa alternativa.
Para completar, como se fosse um sinal (ou seria um presente ?), recebemos um email do nosso amigo Thiago de Ribeirao Preto detalhando exatamente essa rota, nos informado que íra percorrê-la no próximo mês.
O detalhe da rota apresentado no email é impressionante. Parecia até que era um aviso para seguí-la.

Saímos de Cusco com destino Assis-Brasil, no Acre, passando por Puerto Maldonado, ainda no Perú.
Nesse exato momento, estamos em uma vila chamada ¨QuinceMil¨ no meio da Amazônia Peruana.
A estrada até Puerto Maldonado nao é asfaltada. Entao, estamos enfrentando 400 kms de estrada em condiçoes variadas - depois detalharemos,
Para compensar, o cenàrio encontrado é indescritível.
Saímos de picos de neve nos Andes e estamos, após 24 horas, na Selva Amazônica. Assim que tivermos melhores condiçoes de acesso à internet, vamos postar algumas imagens.

Nossa meta é chegar à fronteira Perú-Brasil em 2 dias. Na sequência, seguimos para Rio Branco, capital do Acre.
Esperamos, em breve, enviar mais informaçoes.
Sigam conosco.

22.6.09

Barrados em Cusco

Olha. Que a gente está adorando Cusco e região, não temos dúvida. Porém, nossa estadia por aqui está começando a escapar do nosso planejamento.

O Perú encontra-se envolvido em várias greves ("Paros" em español) e uma delas está relacionada ao manifesto dos camponeses contra a privatização do fornecimento de água.

E o que a nossa estadia por aqui tem a ver com isso ?
Simples: os camponeses bloquearam as estradas da região com rochas e troncos de árvores.
Hoje, era nossa data limite para definirmos nossa próxima escala. E nada !!!.
As estradas continuam fechadas.
Já recebemos relatos de pontes queimadas.
Se for isso mesmo, nem com "jeitinho" conseguiremos passar.

Já é tarde da noite e estamos aqui fazendo ligações e analisando as possibilidades.
Amanhã mandaremos mais notícias.

19.6.09

Mais perto de Ribeirão

Ontem, enquanto estávamos debruçados em mapas, detalhando nossos próximos passos, percebemos o quão perto estamos do Brasil.
O Acre está aqui do nosso lado.

Confesso que deu um frio na barriga.
Uma mistura de sentimentos.
Acho que pela primeira vez, desde que saímos de NY, sentimos a chegada.
Nossa grande aventura terá um fim, um ponto de chegada.

Ribeirão Preto tem um significado especial em nossas vidas. Foi o primeiro lugar que chamamos de "casa".
Essa cidade muito nos ofereceu.
Chegar lá, sempre foi muito bom e não será diferente dessa vez.
Com certeza, terá um sabor especial.

Enfim, vamos em frente.
A missão não está cumprida.
Se Deus quiser, muita coisa boa pela frente.

12.6.09

Perú - Conhecendo o deserto

Olá Companheiros da Estrada.

Desde que deixamos o Ecuador, com uma dorzinha no coração, estamos descendo a costa do Perú (Oceano Pacífico), pela Carretera Panamericana.

É um deserto só.
Saímos das curvas da Colombia e Ecuador para seguir numa reta só por aqui.
Uma paisagem, certamente, diferente para nós.
Estamos achando tudo muito bonito, parando, constantemente, para fotos.
Temos que estar atentos e abastecer a Dedete sempre que possível, pois não há postos pelo deserto.

Há momentos em que nos sentimos desprotegidos, meio que perdidos no meio do nada. Acho que é natural nesse cenário que não estamos acostumados.
No mais, é manter o acelerador travado para baixo e cruzar essa areia toda.
Estamos prevendo 1600 kms no deserto.

Nossa plano é ir  "mergulhando" para o sul, ganhando latitude, até Nasca, onde conheceremos as famosas "Linhas de Nasca".
Na sequência, virar para Cuzco e Machu Pichu - interior do Perú, cruzando os Andes.

Sigam conosco e vamos mantendo a "borracha no asfalto".

8.6.09

Up Down Up Down - rodando pela MotoColombia

Assim que chegamos em Cartagena e tiramos a Dedete do veleiro, fomos a um posto de gasolina ("Gasolinera") lavá-la para tirar o sal do mar e abastecê-la.
Um Senhor, já bem de idade, vendo a chapa da moto, se aproximou e disse :
- Wherrrrre do you come frrrrrom ?
Achei bacana a tentativa dele de se comunicar em outra língua que não sua nativa e tentei valorizar sua iniciativa.
- We come from New York on our way to Brazil.
- Verrrry good - disse o Senhor e completou - now in Colombia, up down up down up down y después Ecuador.
Na hora, não entendi muuuuuito bem o que o Senhor quis dizer.
Porém, agora, viajando por esse maravilhoso país, acho que captei a mensagem.

Desde que saímos da bela Cartagena, entramos na região montanhosa da Colômbia.
Olha, é um up down up down sem fim.
Um cenário realmente maravilhoso.
O tempo das viagens subiu drasticamente. Chegamos a fazer velocidade média de 38 km/h. Tem que ter paciência.
A variação é brusca. Uma hora você está praticamente ao nivel do mar e, em minutos, atinge 10 mil pés (3 mil metros).
Dá moleza, um pouco de dor de cabeça e enjôo. Mas, o cenário...........impressionante.
Após mais de uma semana, já cruzamos a Colômbia de norte a sul, passando por Cartagena, Medellín, Cali, Popayan e Pasto, na divisa com o Ecuador.

Uma outra característica marcante da Colômbia é o número de motociclistas.
É impressionante. Esse é o país das motos. A Dedete está se socializando com muita facilidade aqui. Já fez até amigos.
A gente vê todos, do jovem ao idoso, com capacete na cabeça e colete identificador - aqui não se pode andar de moto sem um colete com a chapa da moto estampada nas costas.

A MotoColômbia, certamente, deixará saudades.

4.6.09

O nome é Serra da Morte - byMP

Cerro de la Muerte era nossa passagem no dia seguinte.

Noite mal dormida por conta da ansiedade e das informações que obtivemos sobre a tal estrada.
Tínhamos que sair de San José - Costa Rica, passando próximos à Cartago e San Isidoro para chegarmos na divisa com o Panamá.
O único caminho possível para seguirmos nossa viagem era por essa serra. O ponto mais alto da Costa Rica.
Vista espetacular com picos rochosos e vales verdes. Completamente selvagem.
Em dias claros, é possível se ver praias a 25 milhas de distância no Pacífico.

Por que a ansiedade ?
Porque a rodovia é um local muito perigoso com grandes e constantes acidentes. Tem tráfego pesado de caminhões que, muitas vezes, não controlam a freada nas descidas.
Além disso, por causa da altura, há uma parte com neblina densa e eterna. Visibilidade baixíssima. Um muro branco. Alto risco nas ultrapassagens.

Mas esse drama vem de longa data.
Há cem anos, o povoado daquela região sobrevivia somente de arroz, legumes e frutas tropicais.
Valentes homens atravessavam por essa montanha a pé, carregando sobre suas costas, de 100 a 150 libras de sacos com amoras silvestres, milhos e arroz para fazer comércio do outro lado.
Viajavam cerca de um mês para chegar aos mercados.
Depois de cambiar suas mercadorias, retornavam seguindo no mesmo padrão.
Ou seja, mudavam os produtos de dentro dos seus sacos e seguiam no mesmo esforço.
O lugar mais temido por esses homens descalços, que vestiam apenas uma camisa de pano fino e calça, era Cerro de la Muerte.
Nesse lugar, muitos escorregaram e caíam pelos desfiladeiros para a morte.

No entanto, a área se tornou mesmo famosa por causa do grande número de almas corajosas que perderam suas vidas por conta do frio amargo daquela altitude.

Nos foi passada uma recomendação local: iniciar nossa viagem bem cedo, por volta das 5 horas da manhã.
Assim, evitaríamos o trânsito pesado dos caminhões.
Só seria indiferente no topo da montanha com a neblina. Ela estaria ali de qualquer jeito, a qualquer hora.

E assim fizemos.
No dia seguinte, saímos bem cedo.
Para nossa surpresa e como um presente, a viagem foi traquila e terminamos mais um dia bem.
Com selva verde, densa e úmida, com uma vegetação peculiar, realizamos mais uma parte da rota.

Agora, conhecendo um pouco dessa história, talvez você, ao assistir o vídeo "Um Pouco da Costa Rica sobre Nuvens", possa, além de viajar conosco pelas estradas, "ventilar" sua alma e nos entender quando falamos sobre o gostinho de vencer o "medo do desconhecido".

Esse trajeto nos fez bem.
O Cerro de la Muerte nos trouxe mais vida.