3.11.09

A aventura do vizinho é sempre melhor......

Annette passou por São Paulo, rodou conosco um pouco e seguiu para o Rio de Janeiro, de ônibus, para conhecer a Cidade Maravilhosa.
Por aqui, deixou todos os seus apetrechos, inclusive "O Tanque" - nome "carinhoso" de sua moto 650cc.
Enquanto conversávamos sobre aventuras, me peguei, algumas vezes, dizendo que a aventura "Da Quinta Pra Nove" não foi tão grande quanto a aventura que está fazendo - do Alaska até o Ushuaia.
Annette, por sua vez, dizia que a nossa aventura é que era especial e muito mais complexa de se concluir, pois éramos 2 e cruzamos algumas estradas temidas por aventureiros, e ela permaneceu na "via principal".
Então, me lembrei que sempre recebo emails de amigos aventureiros contando de suas travessias e travessuras, sempre concluindo com o famoso: "claro que minha viagenzinha nem se compara à aventura de vocês".
A famosa história da "galinha do vizinho que é sempre melhor do que a nossa".

Amigos,
Somos nós que definimos, em nossos sonhos, o "tamanho" de nossas aventuras - idéias, projetos, atividades.
Não canso de repetir que, por exemplo, o projeto de uma casa nova pode ser tão emocionante quanto uma volta ao mundo de motocicleta ou balão ou à pé ou sei lá o que.

O importante é sempre buscarmos coisas melhores para nossas vidas.
Aventura é isso.
Quando nos "aventuramos", estamos saindo de nossa zona de conforto em busca de algo positivo, melhor para nós.

Então, vamos deixar de acreditar que a aventura do vizinho é "melhor" que a nossa e passar a valorizar mais nossas iniciativas.
Vamos sempre em busca de novas aventuras por aí, não nos esquecendo, é claro, de uma boa dose de Análise de Risco, Custo X Benefício e um bom Planejamento.
Sem esses exercícios, a aventura torna-se maluquice, besteirada.

Ah.......E já ia me esquecendo do mais importante: tudo isso regado a muita diversão e amor.
Abraços a todos Aventureiros.

25.10.09

Estamos aguardando Annette

Quem é Annette ?
Uma neozelandesa que decidiu encarar as Américas de moto.
Já vi essa história antes.

Annette pegou um avião até o Alaska, comprou uma Kawazaki 650, trail, e vem fazendo seu caminho solo, lentamente, rumo ao Ushuaia.
Detalhe : nunca tinha montado numa moto antes de ter decidido encarar essa aventura.

No momento, está em Foz do Iguaçú, após ter cruzado o Paraguai.
Já estava na estrada rumo a São Paulo quando conheceu uma família que a abrigou numa vila ainda no estado do Paraná.
Quando ficou sabendo que a filha do casal não conhecia as Cataratas do Iguaçú, não teve dúvidas :
colocou a menina na moto e voltou para Foz.
É com esse espírito que Annette está na estrada há mais de 1 ano.

Será um prazer tê-la conosco aqui em casa.
Ela deve chegar em SP lá pela terça-feira (27/10).
Isso se outras novidades não surgirem em seu caminho.

28.9.09

Planejando o inesperado

Recebemos uma mensagem de um amigo nos questionando sobre nosso Planejamento para 2009.
Ele assistiu a uma entrevista concedida pela Maria Paula em Dezembro 2008, quando estava lançando seu livro de fotografias "New York byMP".
Na época, a Maria Paula mencionou que, após o "New York byMP", lançaria um outro livro de fotografias - Portugal byMP - e, só depois, revelaríamos uma grande aventura que estávamos pensando para 2009.
Era o Projeto "Da Quinta Pra Nove" que começava a ser esboçado.

Realmente, ajustamos um pouco nosso planejamento.
À medida que detalhávamos o "Da Quinta Pra Nove", percebemos que seria melhor forcar 100% dos nossos esforços nesse projeto.
Temos um carinho muito especial por Portugal e não seria correto correr para lançar esse livro sem dar a devida atenção a ele.

Ajustar planejamentos ao longo do caminho não deve ser encarado como "erro" ou "derrota", muito menos significar que "planejamentos não servem para nada".
Graças a Deus, a vida é dinâmica e, certamente, seu desenrolar não seguirá qualquer planejamento à risca.
Caso contrário, tenho certeza, a vida se tornaria "um saco".

Uma característica importantíssima de qualquer planejamento é "flexibilidade".
Sempre devemos partir do pressuposto que haverá surpresas ao longo do caminho e que devemos estar preparados para mudanças / ajustes.
Assim, o planejamento sempre nos mostrará para onde, como e quando devemos caminhar.
E, mais importante, sempre refletirá a realidade.

A propósito : O livro "Portugal byMP" não foi e nunca será esquecido.
Com certeza, fará parte de nossas próximas "aventuras".

Quem tiver interesse em conferir a entrevista sobre o livro "New York byMP", clique no link abaixo.

Ou, acesse www.Maria PaulaCrisci.com e procure o sub-menu "Imprensa".

Grande abraço

20.9.09

Por onde anda a Dedete ? - byMP

Como todo estrangeiro que se preze, Dedete saiu para o mundo tupiniquim em busca de diversão.
Isso mesmo. A garota anda desfilando por aí, causando frisson.
Ela, nem de longe, se inibe com diferenças e surpresas que vem encontrando pelas esquinas.
Depois de Ribeirão Preto, sua temporada se estendeu em São Paulo.
No começo, ainda entrava em fila, seguindo sua educação natal.
Não demorou muito para pegar o gosto dos garotões magricelas.
Agora, ela adora lambiscar a fila entre carros parados no trânsito.
E pior, segue no mesmo ritmo acelerado dos praticantes da capital paulista.
Sequer se importa com sua largura que, por causa das malas laterais que ainda carrega, tem o tamanho de umas 3 daquelas outras e, nem por isso, deixa de se espremer.
Ela não está nem aí. Apenas vibra com a sensação de liberdade e, ao que parece, adorou o sabor da travessura.

Ontem, sábado de sol, ela fez um pedido. Quis descer pra Baixada Santista.
Isso porque, durante a semana, parada num sinal, ouviu um boato de que os túneis da Imigrantes são malucos e dão barato.
Pronto. Não precisou de mais nada.
Estava ela lá na garagem, logo cedo, de mochila arrumadinha e pronta para ligar os faróis.
A idéia veio na hora certa. Afinal, estávamos devendo uma visita aos nossos antigos vizinhos e bons amigos que ainda moram por lá.

Por volta do KM 40, a primeira parada. Não era descanso não. A pista é uma seda.
Só encostamos para apreciar parte da represa Guarapiranga, na beira da estrada.
Que lindo !
Por um momento, lembramos do lago Petén Itza, na Guatemala.
O espelho na superfície da água era idêntico.

Seguimos mais um pouco e, de repente, a estrada começou a descer.
Ao lado, avistamos serras e vales.
Uau !! Pareciam até brocolis gigantes ! Muitas árvores grudadinhas, umas nas outras.
E, lá embaixo ...... Que vista linda ! Do alto, via-se alguns caminhos de rio que se misturavam mais a frente com o mar.
Lá de cima, essa água prateada, banhando alguns morros e ilhotas, se misturava ao verde bandeira da vegetação.

Em operação descida e praticamente dentro da mata, aparece à nossa frente uma grande entrada circular com os dizeres: “Bem vindos - Nova Imigrantes”.

Dedete encheu os pulmões e soltou a voz. Acelerou alto e roncou.
Delirou com seu próprio som ampliado no eco do túnel, do Uber-Túnel.
Foram 10 km de pura adrenalina.
Não houve luz no fim do túnel capaz de ofuscar o brilho intenso que partia da bobina de ignição da Dedete.

Mais uma carga de experiência e emoção para nossa querida companheira Dedete.
Mas, convenhamos, ela anda abusando.

Talvez, seja hora de Lúcio e Maria Paula tomarem alguma providência.
A Dupla Aventura bem que podia dar um jeito de controlar o atual espírito de porco – ou seria de cachorro louco ? - que baixou na Dedete.
Não seria a hora de um novo projeto de viagem ?

4.9.09

Foi dada a largada. Lá vem os gringos !!!

Setembro é, tradicionalmente, o mês escolhido pelos motoaventureiros da América do Norte para iniciar suas aventuras rumo ao sul.
São vários aventureiros oriundos dos EUA e Canadá que deixam tudo para trás e saem desbravando a América Latina.

Por que setembro ?
A idéia é tentar fugir do inverno no hemisfério norte, da temporada dos tornados nos EUA, da temporada das chuvas na América Central e pegar o verão na América do Sul.
A partir de Setembro, abre-se uma boa janela conciliando tudo isso.

Particularmente, acredito que o mais importante é conhecer as condições no período escolhido, seja ele qual for, e se preparar para tal.
Foi o que fizemos e, acredito, funcionou bem.

Já estou recebendo vários emails de amigos americanos e canadenses, empolgados, iniciando suas aventuras sobre duas rodas.
Que venham os gringos curtir o lado de baixo do Equador.

Obs:
Vale mencionar que falhei quando não estudei adequadamente a temporada dos tornados, a qual nos causou um sufoco e tanto cruzando o interior dos EUA.

28.8.09

Aventuras Tupiniquins

Estamos impressionados com o alto número de consultas de motoaventureiros do exterior, interessados no Brasil.
Especialmente após nossa participação no SALARR, onde tivemos a oportunidade de conhecer muita gente e expôr nosso trabalho, o número de emails cresceu bastante.

Ficamos felizes por observar o potencial que nosso Brasil tem para explorar o mototurismo.
São tantas opções para todo tipo de gosto.
Desde viagens mais tranquilas por rodovias asfaltadas, até aventuras repletas de adrenalina.
Olha ! Analisando nossa aventura pela América, apesar de termos conhecido lugares fantásticos, não consigo me lembrar de um pais com tanta diversidade como o nosso.

Por outro lado, mais uma vez, nos preocupa a falta de estratégia e projetos para melhorar significativamente a infra-estrutura do turismo brasileiro.

Vamos lá, Brasil !!!
"Menas" bandidagem.
Mais bons projetos.

Ahhh.......claro..........sem se esquecer de muito samba, cerveja e futebol.
Se bem que isso a gente nunca esquece.

12.8.09

Retornando a SP

Retornei hoje do Colorado-EUA, onde tive a oportunidade de palestrar na SALARR - um encontro anual de motociclistas interessados na América Latina.
O evento foi excelente.
Aconteceu numa fazenda situada no meio do Colorado, rodeada por montanhas (as Montanhas Rochosas).
Além de falar sobre o Projeto "Da Quinta Pra Nove", passei várias informações sobre trechos específicos da travessia EUA-Brasil.
A rodovia Transoceânica (Brasil-Perú) foi um tema a parte e muitos se interessaram sobre essa rota.

Também, ficou claro o potencial que o Brasil tem de explorar os diversos tipos de turismo.
Várias pessoas estavam interessadas no Brasil. Porém, sentem falta de fácil acesso às informações.
Acho que isso não é novidade para nós.

Os participantes queriam mesmo era aventura. Então, todos ficaram acampados na fazenda e as apresentações ocorriam diariamente em locais distintos, no meio das montanhas, onde os motociclistas chegavam de moto.
As noites eram reservadas para a fogueira, drinks, churrascos e mais conversa.

A troca de informações e experiências foi fantástica.

Durante o encontro, recebi um convite para participar de mais um evento, em setembro, organizado por um outro grupo de moto-aventureiros. Esse ocorrerá na Califórnia.

4.8.09

Por que Ribeirão Preto ?

Numa entrevista recente, me perguntaram porque escolhemos Ribeirão Preto como local para a chegada da nossa aventura.
Já não é a primeira vez que me perguntam isso.

A resposta é simples :
Ribeirão Preto sempre significou muito, tanto à Maria Paula quanto a mim.
Valorizamos nossas raízes.
Foi em Ribeirão que nascemos, crescemos e nos preparamos para o mundo.
Poderia ter sido outra cidade. Há várias cidades que adoramos e que marcaram nossas vidas.

Foi com muito orgulho que rodamos com a Dedete pela Av. Nove de Julho, concluindo nossa viagem que iniciou-se na Quinta Ave.
Ribeirão Preto sempre esteve e sempre estará em nossos corações.

Em tempo : estou arrumando minhas malas para palestrar essa semana na SALARR que acontece no Colorado-EUA.
Claro que estou levando comigo, além da bandeira do Brasil, uma camiseta de Ribeirão Preto.

2.8.09

Da Quinta com a Quinta na Quinta


Na última quinta-feira, tive a oportunidade de participar do tradicional encontro da "Turma da Quinta", conhecido grupo de motociclistas de Ribeirão Preto.

Meus sinceros agradecimentos a essa turma de amigos que me recebeu de braços abertos para um papo super gostoso.

Valeu !!


27.7.09

Aniversário do Sombras MC

Ontem, tivemos o prazer de participar do 7o. Aniversário do Sombras MC de Ribeirão Preto.
Uma festa muito bem organizada com a participação de diversos MotoClubes de Ribeirão e região.
Foi muito gratificante, mais uma vez, participar de uma confraternização com os irmãos motociclistas, além da oportunidade de trocar experiências e idéias com motociclistas muito experientes.
Tivemos também a honra de receber o "Troféu Sombras" das mãos do Presidente da Entidade, Pedrão - um grande homem e exemplo de cidadão.

Nossos agradecimentos a todos os integrantes do Sombras MC.

Lúcio & Maria Paula

24.7.09

Nossas Praças Públicas

San Jose - Costa Rica

Ontem, estávamos reunidos detalhando algumas passagens de nossa aventura para o livro.
É impressionante como temos detalhes, histórias etc. que não conseguimos relatar aqui, no Diário de Bordo.
Como mencionei a vários amigos, durante uma aventura como essa, é impressionante a quantidade de informações que acumulamos em um só dia.
Graças a Deus, documentamos tudinho, diariamente, em nossos computadores.

Um ponto que estávamos conversando ontem, e que nos preocupa muito, é o atual estado de nossas praças públicas no Brasil.
Durante a viagem, tivemos a oportunidade de conhecer países em condições econômicas difíceis. Países que estão reiniciando um novo ciclo de desenvolvimento econômico.
Porém, nesses mesmos países, vimos muito cuidado com o patrimônio público, especialmente as praças públicas.
Vimos cidades, até vilas bem simples, com pelo menos uma praça pública limpa, conservada e bem frequentada.

As conhecidas "pracinhas" são um excelente local para lazer  -  barato, diga-se de passagem.
Uma praça pública bem cuidada traz orgulho para a comunidade local. É ponto de encontro dos idosos, crianças, famílias nos finais da tarde e finais de semana.

No entanto, aqui no Brasil, salvo algumas exceções, não estamos vendo o mesmo cuidado com as "pracinhas".
Em Ribeirão Preto, achamos a situação bem preocupante.
Posso garantir que a explicação não é o famoso "orçamento", ou falta deste.
Tenho certeza que nossos Administradores são inteligentes o suficiente para manter nossas praças públicas em boas condições de uso.
Vamos lá !!!

18.7.09

Em Ribeirão

Encontro aos sábados em frente à Capacete e Companhia


Feijoada anual organizada pelo Toninho da Capacete e Companhia


Tivemos a honra de uma foto ao lado de João, uma lenda do Motociclismo Nacional

16.7.09

DaQuintaPraNove no Colorado

Caros Amigos Aventureiros,

     Foi com muita satisfação que recebemos um convite para palestrar na SALARR - Second Annual Latin American Riders' Rally, que esse ano ocorrerá no Colorado - EUA, no mês de Agosto.
     O Latin American Riders' Rally é organizado pelo ADV Riders (Fórum Mundial de Moto-aventureiros) e tem como foco discutir aventuras pela América Latina.
     Ficamos muito felizes com a oportunidade de apresentar uma de nossas palestras.

     Já estamos estruturando 3 tipos de palestras, as quais serão divulgadas em breve.
     As aventuras nunca terminam...........

Lúcio & Maria Paula
Sempre nas Estradas

12.7.09

Os primeiros dias após nossa chegada

Nesses primeiros dias após nossa chegada a Ribeirão Preto, além de descansar um pouco, estamos aproveitando para interagir com a comunidade local, interessada em nosso projeto.

Está sendo muito gratificante a oportunidade de trocar experiências e idéias a respeito de Motociclismo, Travessias, Aventuras, Gestão de Projetos etc.

Estamos, também, registrando essa fantástica interação, principalmente as questões que nos são dirigidas, para incluí-la em nosso livro.

Muito obrigado a todos que tem nos procurado para essa rica troca de experiências, além de todo o carinho para conosco.

Em tempo :
Estamos trabalhando em mais fotos e vídeos sobre a nossa chegada, além da nossa prometida lembrança a todos vocês.

Lúcio & Maria Paula

Capacete Companhia

Rodando por Ribeirão Preto :

Hoje, tivemos a oportunidade de conhecer a Capacete Companhia do companheiro motociclista Toninho.
www.capacetecompanhia.com.br
Ficamos impressionados com a estrutura montada lá.

Toninho conseguiu utilizar seus mais de 20 anos de experiência no ramo para organizar um local excelente.

Durante o período em que vivemos nos EUA, conhecemos vários estabelecimentos voltados para o mercado do motociclismo e posso afirmar que a Capacete Companhia está dentro dos padrões americanos.
A variedade de produtos, aliada ao ambiente agradável e amigo, faz deles um Time Vencedor.

Além da loja em sí, o local é frequentado pela comunidade motociclista de toda a região, que, como sabemos, adora um evento - ou desculpa - para se socializar.

Parabéns ao Toninho e Equipe pelo excelente trabalho e apoio ao motociclismo.

10.7.09

Ribeirão Preto - Festa no Interior !!!

Essa viagem nos trouxe muitas surpresas e situações inesperadas.
Porém, jamais imaginávamos uma recepção como a que ocorreu aqui em Ribeirão Preto.

Não há, e nunca haverá, palavras para descrever nossa chegada a Ribeirão Preto.

Desde o Posto Castelo, em Limeira, fomos acompanhados por um grupo de amigos, incluindo integrantes do Famintos MC de Campinas.
Para nossa surpresa, duas sobrinhas também chegaram lá para nos acompanhar.

Depois, ao longo da viagem até Ribeirão, outros grupos aguardavam pelo acostamento e foram unindo-se a nós.

Um pouco antes de ver Ribeirão, lá do alto da Serra de Cravinhos, olhei pelo retrovisor e não acreditei no que estava vendo :

Uns 2 km de motociclistas perfilados, seguindo conosco pela Via Anhanguera. Não era mais possível enxergar o final da, agora, caravana.

Entramos em Ribeirão e mais motociclistas juntaram-se a nós, incluindo nossos familiares.
A barulheira era inacreditável.
Buzinas e motores acordando toda a cidade e parando o trânsito.
Me informaram que havia, aproximadamente, 150 motos seguindo conosco.

Por volta das 11:40, tocamos as rodas da Dedete na conhecida Avenida 9 de Julho.
Naquele momento, a Maria Paula abaixou a cabeça e começou a chorar muito.

Sem muito o que fazer, a não ser travar a garganta e prosseguir pela avenida, fui levando nossa Dedete até o encontro de amigos e familiares em frente à Recreativa (conhecido clube da cidade).
Havia uma tenda, música, um painel com fotos e descrição de nossa aventura.
Fogos foram disparados.
Familiares vestiam camisetas "Da Quinta pra Nove".
A avenida estava coberta por motos, incluindo os MCs Sombras, Turma da Quinta, Índios, Pelicanos do Asfalto, Vipers, Bodes do Asfalto, Trovão e os integrantes do Famintos MC que vieram desde Campinas.

Finalmente, às 11:55 do dia 09/07/2009, puxamos o botão "OFF" e colocamos nossa companheira Dedete para descansar um pouco.

Abraços e beijos seguiram.
Uma emoção indescritível.

Depois de muita conversa e fotos, fomos para o bar do Gauchinho na própria Av. 9 de Julho.
Por lá, ficamos até o anoitecer, acompanhados por familiares e amigos.

Infelizmente, a descrição acima não reflete nada do que vivemos nesse dia.
Nunca conseguiremos relatar o que foi tudo isso para nós.
Jamais esqueceremos o que fizeram por nós.

Muito obrigado a todos que estiveram por lá, fisicamente ou em pensamentos.

Em breve, colocaremos fotos e vídeos que, talvez, reflitam melhor o que foi esse dia.

7.7.09

2 UP - byMP

Ontem à noite, eu ainda tentava remover as últimas marcas de lama em nossas jaquetas. Aquelas por conta dos tombos na selva de San Blás e do atoleiro que passamos por toda a Interoceânica.
Hoje, estou arrumando as malas, mais uma vez.
Nem sei "quantas" já montei e desmontei nossas malas.
Acho que .... praticamente todos os dias desde 02 de abril.

Em casa, lá em Nova York, eu dirigia boa parte das coisas, a casa e o fogão.
Há mais de 3 meses, quem dirige é o Lúcio. Nossa casa "duas rodas" cigana e sem fogão.
Virei Garupa. Nem por isso, menos ocupada.
Pelo contrário. Novo status: novas funções.

Não piloto a Dedete por uma razão bem simples.
Já ouviu falar em grandeza que expressa a distância entre dois pontos ?
Não existe unidade de medida que me faça tocar o chão com a ponta dos pés, enquanto estou sentada numa moto, ainda mais nela.
Então ..... o que uma Catatau faz numa super viagem-aventura de moto de 3 meses?

À bordo da moto, a Catatau vira garupa e cumpre com suas funções básicas.

1 - Função Canivete Magaiver:
O garupa, de nascença, tem por obrigação arrumar e carregar as malas, lustrar os capacetes e ajudar no ajuste e na lubrificação da corrente da moto, custe o que custar.

2 - Sem direito a equívocos, deve exercer a Função Navegador:
Na véspera, decora mapas. No dia seguinte, procura as placas.
O garupa tem sempre que estar ligado. Olhar pra frente, pros lados e pra trás.
É ele quem normalmente detecta os faróis-surpresas (aqueles que aparecem no meio do nada) ou os faróis-caolhos (aqueles com uma luz queimada, geralmente a vermelha em seu desfavor).

3 - É na Função Cientista, especificamente no estudo da Força x Resultado, que gasta todo seu fosfato.
Quanto ao "espaço físico", o garupa precisa ser um grande entendedor das relações espaciais entre os vários objetos.
É ele quem analisa a largura do corredor formado entre dois ônibus e avisa, com um só GRITO, que será estrupiada a lateral de uma das malas.
Já em relação ao "espaço sideral", seu reflexo "prensa-pernas" deve ser aguçadíssimo, só assim evita ser catapultado em cada lombada mal calculada.

4 - Enquanto tesoureiro, o garupa tem por obrigação pagar os pedágios e controlar o narcisismo que costuma lhe ser próprio.
Na ordem, ele tira a luva, abre a jaqueta, saca e equilibra as moedas, tudo isso com uma única mão e com a moto ainda em movimento, é claro.
Mesmo sem ninguém ver, faz cara de metido e curte o próprio reflexo no capacete da frente.
Depois, já com a moto parada bem ao lado da janelinha, o convencido dá um sorrisinho besta pro caixa, estica o braço e, como NUNCA ALCANÇA nada, deixa cair as moedas no chão amargando cara de "Ai, que droga, agora todo mundo viu."

5 - E, dispensando maiores comentários (batam os tambores) .........

a principal,
a notável,
a lendária e exclusiva atribuição do Garupa:

SERVIR DE MARCHA-RÉ !!
"Linda, dá uma empurradinha na moto pra trás ?"

Essa é uma homenagem descontraída para todos os garupas. Aqueles "seres" que sabem curtir a vida de uma posição privilegiada.

"2 UP", como se diz em inglês, por essas estradas que deixamos para trás e por tantas outras que ainda virão.

Por mais de 3 meses, não tivemos endereço;

Por mais de 3 meses, nossas necessidades se supriram com 3 pequenas malas;

Por mais de 3 meses, dormimos cada noite em uma cama diferente da noite anterior;

Por mais de 3 meses, fomos "Piloto & Garupa", realizando mais um sonho e fortalecendo nossa própria história.

Da Quinta pra Nove   foi, é e sempre será DEZ !!


Garupa em sua "Função No. 6"

6.7.09

Última Divisa de Estado

A Dedete já está desfilando sua chapinha de "New York"  pelas estradas de São Paulo

A reta final

Temos recebido algumas mensagens de amigos perguntando sobre nosso caminho até Ribeirão Preto.

De 08/07 para 09/07, se Deus permitir, pernoitaremos em Limeira-SP.
Por que Limeira ?
Porque preciso pagar uma promessa que fiz, antes da partida, a uma pessoa muito muito especial.
Assim, reservei o último dia da viagem para isso.

No dia 09/07, nossa idéia é sairmos às 8:30 da manhã do Posto Castelo e seguir pela Anhanguera até Ribeirão Preto.
Teremos umas 3 horas para chegar a Ribeirão. Mais que suficiente para cobrirmos os 150km finais.
Vamos "na boa", curtindo cada km dessa Anhanguera que tantas vezes cruzamos.

Aos amigos que quiserem, e puderem, nos acompanhar nesse último dia de estrada: nossa !!!!!
Seria uma honra, e tanto, tê-los conosco.
Fica o convite.................09/07, às 8:30 no Posto Castelo, em Limeira. Ou, em qualquer lugar ao longo da reta final.

Aos amigos do Sul

Caros Amigos do Sul,

Com o replanejamento da nossa rota, deixamos de entrar no Brasil pela região sul e, consequentemente, não conseguiremos, AINDA, visitá-los.
Porém, saibam que já estamos planejando uma passagem por aí para agradecê-los, pessoalmente, pelo carinho ao longo dessa nossa aventura.
Por enquanto, queríamos registrar nossos sinceros agradecimentos a todos.
Muitos, dentre outras manifestações, abriram as portas de seus lares para nós.
Muito obrigado e até breve.

Lúcio & Maria Paula

Uma tarde muito "chic" em Campo Grande

Entramos no Estado de Mato Grosso do Sul rumo a Campo Grande.
Fomos rodando pela estrada curtindo a bela paisagem desse estado.

Lá pelo meio-dia, cruzamos com um maluco, parado no acostamento, que acenava para nós.

A Paula comentou :
- Acho melhor parar, deve estar precisando de ajuda.

Encostamos a Dedete e o maluco chegou montado numa BMW GS 1200, azul, linda demais.
Era o Márcio, que nos acompanha no Diário de Bordo e foi nos esperar a uns 50 kms de Campo Grande.
Apresentações a parte, recebemos o convite para um almoço na casa da família.

Meio sem graça, considerando nosso estado higiênico, aceitamos prontamente o convite.

Rodamos uns 50kms na companhia do Márcio e sua "BM" até chegarmos em Campo Grande, uma cidade muito limpa, bem organizada, que nos lembrou um pouco Ribeirão Preto.

Chegamos à casa do Márcio e conhecemos sua linda família - a Luiza e seus 3 filhos, que ainda estamos brigando aqui para lembrar os nomes.

Além da prosa muito agradável, fomos presenteados com um bacalhau nota 1000, preparado pela mineiríssima Luiza.
Trocamos muitas informações, pois o Márcio acabou de retornar de uma viagem ao Atacama e trouxe muitas idéias para as próximas aventuras.

Nada, nada, já jogamos algumas idéias na mesa para a "próxima" (ou as próximas). Agora, é só ir estruturando-as.
Estava dificil ir embora.
Lá pelas 16:00, resolvemos que não dava mais para enrolar. A vontade era mesmo ficar para o jantar. Mas, era preciso rodar um pouco mais.

Foi uma pena ter que despedir dos nossos novos amigos.
Márcio, muito atencioso, nos levou até a saída de Campo Grande.

Assim, guardamos em nossas bagagens a memória de uma tarde muito agradável em companhia de Márcio e sua família, além da sua imagem no retrovisor da Dedete enquanto acelerávamos saindo de Campo Grande.


5.7.09

Mande sua Foto

Estamos preparando uma lembrança dessa aventura, incluindo todos que participaram conosco através do Diário de Bordo.

Assim, precisamos de uma foto de cada um de vocês (Foto e Nome, por favor).
Enviem para mpcrisci@yahoo.com.br

Assim que estiver pronta, disponibilizaremos no Diário de Bordo.
Sigam conosco.

Lúcio & Maria Paula

4.7.09

"ADV Rider"

Hoje, fomos informados que entramos para o Hall da Fama do Portal Mundial de Moto-Aventureiros "ADV Rider" - http://www.advrider.com/.

É com muita satisfação que encontramos duas fotos nossas na Homepage do site, juntamente com os outros integrantes do Hall.

Quanta honra para dois novatos !!!

Aos Embaixadores de Porto Velho


Nossos agradecimentos aos amigos Karina e Henrique, Novos Embaixadores de Porto Velho, que cuidaram de nós durante nossa passagem por aquela linda cidade.

Muito obrigada .......

Vídeo - Deserto do Perú

Um pouco do visual que encontramos no Deserto do Perú, ao longo da Costa do Pacífico.
Espero que curtam :


Dia 9 de Julho na Av. 9 de Julho

Essa é a meta :

9/07, às 11:30, na Ave. 9 de Julho - Ribeirão Preto, em frente à Recreativa.

Estamos quase lá.
Está dificil segurar o coração.
Vamos seguindo em frente !!!

3.7.09

Um dia de agradecimentos e desculpas

Caros Amigos,

Hoje foi mais um daqueles dias: cheio de emoções.
Primeiro, ainda em Cáceres, após lermos todas as mensagens dos amigos, fizemos algumas ligações para as Concessionárias Suzuki em Cáceres e Cuiabá.
Seguindo os conselhos do Fausto, resolvemos tocar, aos "trancos e suspiros", até Cuiabá para que o pessoal da Moto Brasil - concessionária Suzuki da região - desse uma analisada no problema.
As falhas, durante a viagem de 240 kms, pareciam aumentar.
Entramos em Cuiabá dando estouros pelas avenidas. A Dedete mais parecia aqueles Fords - 1924.

Chegando na Moto Brasil, rapidamente, o pessoal (Carlos, Jorge, Saimom e toda a Equipe) matou a história, confirmando o que os motociclistas brasileiros já conhecem bem :
"Mapeamento do Combustível na injeção da Dedete"
Ou seja, a Dedete não estava dando conta da fraca gasolina brasileira e, como consequência, a mistura não era suficiente para a explosão adequada do motor.

Deixamos a Dedete na Moto Brasil para o remapeamento e fomos comer no Shopping da cidade.
Vale também mencionar que quando chegamos à Moto Brasil já havia um recado do Alcione de Goiana, informando que a TV local queria nos entrevistar.
O Alcione nos ligou e passou várias informações da região, inclusive telefones e contatos dos familiares dele aqui.

De volta à concessionária, ouvi de longe um som de motor familiar e comentei com a Paula :
- Acho que a Dedete tá curada.

Dito e feito.
Logo depois, já estávamos dando umas "estilingadas" nas avenidas de Cuiabá, só pra matar a saudade da potência do motor.
Mais uma vez, a mocinha não decepcionou.

Esse foi um dia de agradecimentos e desculpas :

Primeiro, agradecemos, de coração, a todos os amigos que nos apoiaram nesse desafio. Sem vocês, acho que nossa Dedete estaria ainda engasgando por aí.
Queria agradecer, também, à Equipe da Moto Brasil pela cordialidade, atenção e tratamento de urgência.

Depois, duas desculpas :
- À Señora Gasolinera, que eu xinguei muito - Dona do Armazém em Quincemil, vide posts anteriores - achando que seu combustível (abastecido na Dedete com um regador de plantas) tinha danificado algo na mocinha.
- E à própria Dedete, que eu comecei a desconfiar que já não estava dando conta da empreitada.
Minhas sinceras desculpas à duas.
Reconheço que o problema foi, "simplesmente", o pobre combustível brasileiro.

Agora, já descansado, de banho tomado, fico pensando nos lugares onde abasteci a Dedete ao longo dessa viagem : desde postos sofisticados nos EUA, passando por estatais mexicanas, até o armazém da Señora Gasolinera no meio da Cordilheira dos Andes. Todos de qualidade boa o suficiente para que a Dedete pudesse acelerar sem engasgos.
O problema foi acontecer aqui, abastecendo nos conhecidos postos brasileiros.

Mas, como brasileiro teima em não desistir dos seus problemas, aí está a Dedete como prova disso, já adaptada ao nosso "jeitinho" de queimar combustível, rasgando pelas ruas de Cuiabá.
Acho que serve para reflexão.



Equipe Moto Brasil - Olha o Saimom do meu lado direito - sabe tudo de moto grande

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EM TEMPO :
        Parece que minhas críticas acima sobre a qualidade do combustível nacional não procedem.
        Fiz umas investigações e troquei algumas informações com um amigo, Engenheiro.
        O problema apresentado pela Dedete parece que estava simplesmente relacionado à octanagem da gasolina nacional, no caso, menor que a comercializada em outros países.
        A octanagem está relacionada à taxa de compressão do combustível no cilindro, antes que este entre em combustão espontânea, sem a centelha da vela - algo indesejado.
        Por outro lado, recebi outras informações mencionando que o problema apresentado na Dedete está, sim, relacionado ao "batismo" (misturas não autorizadas) em combustíveis nacionais e não pela simples octanagem mais baixa desses.
        Bem, de qualquer forma, deixo aqui esse complemento à mensagem anterior.

30.6.09

DaQuintaPraNove na Mídia - últimas matérias

Revista Revide



Folha de S. Paulo


Estamos, também, na Folha Online como a 3a. Reportagem de Turismo mais lida :

A propósito, ainda não cheguei aos 54 anos de idade, como mencionou a matéria. Apesar do corpinho de 53, tenho 45.

Muito obrigado a todos pelo apoio e participação nessa aventura.

Lúcio & Maria Paula

A Nova Porto Velho

Saímos de Rio Branco e pegamos a rodovia que liga essa bela cidade a Porto Velho.
São 530 kms.
Na primeira parte, fomos rodando no meio da mata até cruzarmos para o Estado de Rondonia e chegarmos ao Rio Madeira. Um cenário lindo.

No Rio Madeira, que espanta pela sua grandiosidade, esperamos uns 10 minutos a balsa para atravessá-lo. Por algum motivo, ainda desconhecido, não há ponte alí. Muito estranho, considerando o desenvolvimento da região, principalmente com a criação da Rodovia Transoceânica (ou Rodovia do Pacífico, como é chamada aqui).

Na balsa, conhecemos o simpático casal - Prof. Léo e Sheila - que voltavam de um curso de Gestão Empresarial em Rio Branco.
Prof. Léo nos presenteou com uma bela aula de História e Geografia da região, enquanto a balsa cruzava, lentamente, o Madeira.
Trata-se de um casal com muita energia e visão de negócios, participando do desenvolvimento da Região Norte do Brasil.
Um prazer muito grande conhecê-los.

Na sequência, mais 250 kms de estrada que, certamente, necessitam de cuidados - muitos buracos e ondulações. Mais uma vez, com o claro desenvolvimento da região, não é possivel manter as rodovias em condições precárias.
Observamos, também, uma forte pecuária no Estado de Rondonia durante todo o percurso.
Já de noitinha, chegamos à capital: Porto Velho.
Rapidamente, encontramos alguns bons hotéis da cidade.
Para nossa surpresa, os 2 primeiros estavam lotados e só fomos encontrar vaga num terceiro, após pesquisa por telefone.
Perguntando o que se passava para tamanha procura por hotéis, fomos informados que "é isso mesmo, o tempo todo".
Porto Velho está em franca expansão.
Há, também, a construção da nova Usina Hidrelétrica no Rio Madeira, que está atraindo milhares de trabalhadores para a região.

Banho tomado, fomos encontrar o casal de amigos, Karina e Henrique, que, assim como muitos, em busca de oportunidades profissionais, mudaram-se para essa cidade.

No dia seguinte, fui levar a Dedete para a Concessionária Suzuki para revisão.

Na sequência, Henrique cuidou de nós, nos levando para conhecer os principais pontos da cidade.
Porto Velho impressiona pelo crescimento e oportunidades.
Sua história, que vem desde a abertura da ferrovia Madeira-Mamoré, pode ser conferida na desativada Estação Ferroviária.
Locomotivas trazidas da Alemanha e EUA podem ser observadas lá. Com um pouco mais de cuidado, estamos falando de um museu muito interessante que relata parte da história do Brasil.
Henrique, desde sua mudança para cá, vem estudando muito a história de Rondonia e nos passou muitas informações interessantíssimas.
A Paula ainda aproveitou para tirar mais uma tonelada de imagens, registrando o entardecer no Rio Madeira.

À noite, Henrique e Karina nos levaram para conhecer a Festa Junina típica da região : Flor de Maracujá.
Uma grande festa muito bem estruturada, que dura o mês todo de Junho, com apresentações de quadrilhas típicas da região e uma farta oferta de alimentos. Nos delíciamos por lá.

Hoje, vamos continuar nosso tour por Porto Velho, aguardando a Dedete ficar pronta no spa para nossa próxima "pernada".

29.6.09

Simplesmente, uma ponte


Para muitos, simplesmente uma ponte enfiada no meio da Selva Amazônica, separando o Brasil do Perú.
Para nós, o local onde tocamos o solo brasileiro e o molhamos com algumas lágrimas.
Um marco muito importante em nosso projeto.

"Ponte da Integração Brasil-Perú" :  nunca te esqueceremos !!!

28.6.09

Brasil !!!

Companheiros de Estrada,

     Chegamos a Rio Branco - Acre !!!

     Após atravessar o Rio Madre de Díos numa canoa, ainda em Puerto Maldonado, e seguir por mais uns 50 kms de terra, atingimos o asfalto. Ufa !
     100 kms depois, numa tarde nublada de sábado (27/06/09), no meio da Amazônia, chegamos a Iñapari/Assis-Brasil na divisa do Perú com o Brasil.
     Fizemos nossa "festinha" na alfandega deserta brasileira - só nós e 3 funcionários que assistiam o futebol na tv.
     Fizemos, também, a documentação para entrada da Dedete em território brasileiro e por volta das 17:00 já estávamos apresentando as estradas tupiniquins à nossa convidada.
     Decidimos seguir até Rio Branco - 330kms, agora de puro asfalto.

     No caminho, paramos em Brasiléia para um lanchinho na Padaria local, com direito a pãozinho quente, presunto, queijo e, de quebra, um docinho brasileiro.
     As atendentes da padaria não entendiam aquela emoção toda.
     Quando explicamos, uma senhora colocou a mão na boca, com cara de espanto, e disse :
     - Deus me livre. Tem que ter muita coragem para isso. E essa mocinha estava com o senhor ?
     - Essa mocinha não só estava comigo como empurrou moto para fora de riacho, além de outras coisas - respondi.

    Saímos felizes e com o estômago satisfeito.
    Rodamos até Rio Branco, assistindo o cair da noite na Amazônia.
    Chegamos por volta das 21:00 e encontramos um bom hotel para descansar.
    Hoje é dia de conhecer a nossa primeira capital brasileira.

    Mais uma etapa cumprida.

26.6.09

Chegamos a Puerto Maldonado

Hola Amigos,

      Chegamos em Puerto Maldonado !!!!
      Após 3 dias de "batalha" para atravessar a Rodovia Transoceânica, estamos próximos da fronteira com o Acre.
      E que batalha !!!!
      Impressionante.

      Essa rodovia, uma vez pronta, será uma excelente opção para turistas conhecerem as belezas da Amazônia, a Cordilheira dos Andes e a Costa Peruana do Pacífico, sem contar as vantagens econômicas para os 2 países.

      Saímos de Cusco pela "porta dos fundos" e fomos subindo, cruzando a Cordilheira dos Andes.
      Logo no primeiro KM da Carretera Interoceânica, encontramos uma placa enorme informando as distâncias das próximas cidades. Para nossa surpresa, pela primeira vez nessa viagem, vimos o nome "São Paulo". Ficamos muito emocionados. Sentimos que estávamos mais perto de casa.
      Porém, a verdade ainda estava por vir.
      A estrada era pequena, zigue-zague pelas montanhas, encontrando Llamas pelo caminho, casinhas de pedras e picos de neve e gelo.

      Após 100 kms nessas condições, chegamos a Marcapata, um vilarejo no alto dos Andes, formado por uns 20 barracos que abrigam trabalhadores da rodovia.
      Conseguimos um teto compartilhado com outro trabalhador para passar a noite.

      No dia seguinte, às 4:30 da madrugada, junto com os trabalhadores da estrada, tomamos nosso café da manhã em um "Comedor" e pegamos a estrada.
      Dessa vez, fomos descendo do outro lado da cordilheira, adentrando a selva amazônica.

      Por volta das 9:00, já tínhamos descido toda a cordilheira e estávamos parados numa barreira temporária, criada para permitir que as máquinas se movimentem na rodovia.
      Tivemos que esperar até o meio-dia. Dia de trabalho duro por lá.
      Foi uma oportunidade para conhecermos alguns trabalhadores da grande obra. Gente muito boa.
      Uma coisa muito interessante foi observar que a maioria das máquinas pesadas (escavadeiras, motoniveladoras, tratores etc.) é dirigida por mulheres. Peruanas simpáticas que acenavam para nós quando cruzávamos os canteiros de obra.

       Ao meio-dia, a rodovia foi novamente aberta para o trânsito de veículos. Daí em diante, entramos em mata fechada, rodando no meio da lama, pedras e riachos, até atingirmos, por volta das 5:00 da tarde, o vilarejo de Quincemil.
       Esse vilarejo lembrava bem um cenário de faroeste americano :
       Uma rua (a tal Rodovia Transoceânica) umas 30 casas e nada mais.
       Encontramos uma "hospedagem" para passar a noite.

       Consegui uns litros de gasolina na casa da "Señora Gasolinera".
       A Paula riu muito quando me viu atravessando a rodovia com um balde de gasolina.
       Dedete abastecida, fomos procurar algo para comer, fechando os olhos para a cozinha do local.
       O cansaço bateu e por volta das 7:30 da noite já estávamos apagando em nossa "suite presidencial", juntamente com mosquitos, pernilongos, mariposas da selva. Quanta companhia !!!

       Dia seguinte, o plano era acordar às 4:30 e pegar a "estrada". Mas............a chuva chegou, e forte, durante toda a noite.
       Resolvemos esperar até o meio-dia, horário que a rodovia seria aberta, mais uma vez, para automóveis.
       Assim, rodamos no período da tarde, novamente entre lama, travessia de riachos, pedras, um pouco de asfalto, até a grande e famosa Mazuko.

       Antes de sairmos de Quincemil, fomos avisados que Mazuko era bem maior e tinha até hotel de 2 andares.
       Bem, Mazuko é isso: igual a Quincemil com um famoso "hotel" de 2 andares.
       É um vilarejo que serve de base para os garimpeiros da região.
       Claro que escolhemos o tal "hotel 2 andares" para passarmos a noite.
       Olha, nem dá para descrever o local.
       Para resumir: quando fui sentar na cama - isso. só sentar, nada muito radical - a mesma desmontou e lá fui eu para o chão.
        Não acreditei. Me esforcei o dia todo com a Dedete para não cair e fui pro chão logo no quarto do hotel "de 2 andares".

       Colchão no chão, sem vidro na janela e lá fomos nós na tentativa de um pouco de descanso.
       Detalhe: estava acontecendo algo muito animado na rua. O barulho era infernal.
       Toda a sociedade canina passou a noite "conversando" bem embaixo da nossa janela.

       No dia seguinte, seguimos viagem, no mesmo cenário lindo da mata, no meio das obras da estrada e da Amazônia Peruana, até chegarmos ao entardecer e bem cansados a Puerto Maldonado.
       Puerto já é uma cidade bem mais estruturada.
       Conseguimos um hotel com chuveiro quente, roupa de cama limpinha, janela e tudo mais.
       Tem até um barzinho com cerveja gelada e internet. Adivinhem onde estamos agora ?

       Nosso plano é atingir a divisa Perú-Brasil amanhã e seguir até Rio Branco - Acre.

       Apesar de bem cansados, estamos muito felizes pela escolha da rota alternativa.
       A Amazônia é uma região dificil de descrever. Só conhecendo para sentir sua força e riqueza.
       Também gostamos muito de conhecer a obra da Rodovia Transoceânica, seus trabalhadores e as oportunidades que essa obra pode trazer para os 2 países.

       Amanhã, se Deus quiser, mais um marco de nossa viagem será alcançado...........

25.6.09

Avançando - devagar e sempre

Olá Amigos Estradeiros,

Estamos avançando pela mata.
Hoje, conseguimos atingir um outro vilarejo : Mazuko.
Muita lama, travessia de rios, obras na estrada, visual lindo (mata fechada) e bons papos com o povo local.
Nao há condiçoes de postarmos fotos ainda. A internet que conseguimos aqui é movida a carvao. Temos que ter paciência.

Estamos a 150 kms de Puerto Maldonado e, aproximadamente, 300 kms da fronteira com o Brasil.
Só que pelas condiçoes de estrada que temos encontrado, talvez consigamos atingir a fronteira amanha. Isso se pegarmos a estrada às 4:30 da madrugada e tocarmos atè o anoitecer.

Estamos bem, muito animados.
O cansaço está sendo superado pelo espírito da aventura e pelo conhecimento adquirido.
A Dedete segue dando um show, agora na lama.

Em breve, enviaremos mais informaçoes.
Muito obrigado pelas mensagens e emails recebidos.
Sigam conosco,

Lúcio e Maria Paula

24.6.09

No meio da Amazônia Peruana

Amigos,

O bloqueio nas estradas do Perú segue, sem expectativa de término.
Assim, após muita análise, optamos por uma ¨rota alternativa¨.

Jà tínhamos ouvido falar da Rodovia Transoceânica que liga o Perú ao Brasil (pelo Acre). No entanto, era (e é) uma rodovia ainda em construçao.
Ainda em Nova York, conversamos sobre a idéia de um dia conhecê-la. Só nao esperávamos que seria tao cedo.

Entao, após muita conversa, consultas e telefonemas (até para o DNIT no Brasil) resolvemos partir para essa alternativa.
Para completar, como se fosse um sinal (ou seria um presente ?), recebemos um email do nosso amigo Thiago de Ribeirao Preto detalhando exatamente essa rota, nos informado que íra percorrê-la no próximo mês.
O detalhe da rota apresentado no email é impressionante. Parecia até que era um aviso para seguí-la.

Saímos de Cusco com destino Assis-Brasil, no Acre, passando por Puerto Maldonado, ainda no Perú.
Nesse exato momento, estamos em uma vila chamada ¨QuinceMil¨ no meio da Amazônia Peruana.
A estrada até Puerto Maldonado nao é asfaltada. Entao, estamos enfrentando 400 kms de estrada em condiçoes variadas - depois detalharemos,
Para compensar, o cenàrio encontrado é indescritível.
Saímos de picos de neve nos Andes e estamos, após 24 horas, na Selva Amazônica. Assim que tivermos melhores condiçoes de acesso à internet, vamos postar algumas imagens.

Nossa meta é chegar à fronteira Perú-Brasil em 2 dias. Na sequência, seguimos para Rio Branco, capital do Acre.
Esperamos, em breve, enviar mais informaçoes.
Sigam conosco.

22.6.09

Barrados em Cusco

Olha. Que a gente está adorando Cusco e região, não temos dúvida. Porém, nossa estadia por aqui está começando a escapar do nosso planejamento.

O Perú encontra-se envolvido em várias greves ("Paros" em español) e uma delas está relacionada ao manifesto dos camponeses contra a privatização do fornecimento de água.

E o que a nossa estadia por aqui tem a ver com isso ?
Simples: os camponeses bloquearam as estradas da região com rochas e troncos de árvores.
Hoje, era nossa data limite para definirmos nossa próxima escala. E nada !!!.
As estradas continuam fechadas.
Já recebemos relatos de pontes queimadas.
Se for isso mesmo, nem com "jeitinho" conseguiremos passar.

Já é tarde da noite e estamos aqui fazendo ligações e analisando as possibilidades.
Amanhã mandaremos mais notícias.

19.6.09

Mais perto de Ribeirão

Ontem, enquanto estávamos debruçados em mapas, detalhando nossos próximos passos, percebemos o quão perto estamos do Brasil.
O Acre está aqui do nosso lado.

Confesso que deu um frio na barriga.
Uma mistura de sentimentos.
Acho que pela primeira vez, desde que saímos de NY, sentimos a chegada.
Nossa grande aventura terá um fim, um ponto de chegada.

Ribeirão Preto tem um significado especial em nossas vidas. Foi o primeiro lugar que chamamos de "casa".
Essa cidade muito nos ofereceu.
Chegar lá, sempre foi muito bom e não será diferente dessa vez.
Com certeza, terá um sabor especial.

Enfim, vamos em frente.
A missão não está cumprida.
Se Deus quiser, muita coisa boa pela frente.

12.6.09

Perú - Conhecendo o deserto

Olá Companheiros da Estrada.

Desde que deixamos o Ecuador, com uma dorzinha no coração, estamos descendo a costa do Perú (Oceano Pacífico), pela Carretera Panamericana.

É um deserto só.
Saímos das curvas da Colombia e Ecuador para seguir numa reta só por aqui.
Uma paisagem, certamente, diferente para nós.
Estamos achando tudo muito bonito, parando, constantemente, para fotos.
Temos que estar atentos e abastecer a Dedete sempre que possível, pois não há postos pelo deserto.

Há momentos em que nos sentimos desprotegidos, meio que perdidos no meio do nada. Acho que é natural nesse cenário que não estamos acostumados.
No mais, é manter o acelerador travado para baixo e cruzar essa areia toda.
Estamos prevendo 1600 kms no deserto.

Nossa plano é ir  "mergulhando" para o sul, ganhando latitude, até Nasca, onde conheceremos as famosas "Linhas de Nasca".
Na sequência, virar para Cuzco e Machu Pichu - interior do Perú, cruzando os Andes.

Sigam conosco e vamos mantendo a "borracha no asfalto".

8.6.09

Up Down Up Down - rodando pela MotoColombia

Assim que chegamos em Cartagena e tiramos a Dedete do veleiro, fomos a um posto de gasolina ("Gasolinera") lavá-la para tirar o sal do mar e abastecê-la.
Um Senhor, já bem de idade, vendo a chapa da moto, se aproximou e disse :
- Wherrrrre do you come frrrrrom ?
Achei bacana a tentativa dele de se comunicar em outra língua que não sua nativa e tentei valorizar sua iniciativa.
- We come from New York on our way to Brazil.
- Verrrry good - disse o Senhor e completou - now in Colombia, up down up down up down y después Ecuador.
Na hora, não entendi muuuuuito bem o que o Senhor quis dizer.
Porém, agora, viajando por esse maravilhoso país, acho que captei a mensagem.

Desde que saímos da bela Cartagena, entramos na região montanhosa da Colômbia.
Olha, é um up down up down sem fim.
Um cenário realmente maravilhoso.
O tempo das viagens subiu drasticamente. Chegamos a fazer velocidade média de 38 km/h. Tem que ter paciência.
A variação é brusca. Uma hora você está praticamente ao nivel do mar e, em minutos, atinge 10 mil pés (3 mil metros).
Dá moleza, um pouco de dor de cabeça e enjôo. Mas, o cenário...........impressionante.
Após mais de uma semana, já cruzamos a Colômbia de norte a sul, passando por Cartagena, Medellín, Cali, Popayan e Pasto, na divisa com o Ecuador.

Uma outra característica marcante da Colômbia é o número de motociclistas.
É impressionante. Esse é o país das motos. A Dedete está se socializando com muita facilidade aqui. Já fez até amigos.
A gente vê todos, do jovem ao idoso, com capacete na cabeça e colete identificador - aqui não se pode andar de moto sem um colete com a chapa da moto estampada nas costas.

A MotoColômbia, certamente, deixará saudades.

4.6.09

O nome é Serra da Morte - byMP

Cerro de la Muerte era nossa passagem no dia seguinte.

Noite mal dormida por conta da ansiedade e das informações que obtivemos sobre a tal estrada.
Tínhamos que sair de San José - Costa Rica, passando próximos à Cartago e San Isidoro para chegarmos na divisa com o Panamá.
O único caminho possível para seguirmos nossa viagem era por essa serra. O ponto mais alto da Costa Rica.
Vista espetacular com picos rochosos e vales verdes. Completamente selvagem.
Em dias claros, é possível se ver praias a 25 milhas de distância no Pacífico.

Por que a ansiedade ?
Porque a rodovia é um local muito perigoso com grandes e constantes acidentes. Tem tráfego pesado de caminhões que, muitas vezes, não controlam a freada nas descidas.
Além disso, por causa da altura, há uma parte com neblina densa e eterna. Visibilidade baixíssima. Um muro branco. Alto risco nas ultrapassagens.

Mas esse drama vem de longa data.
Há cem anos, o povoado daquela região sobrevivia somente de arroz, legumes e frutas tropicais.
Valentes homens atravessavam por essa montanha a pé, carregando sobre suas costas, de 100 a 150 libras de sacos com amoras silvestres, milhos e arroz para fazer comércio do outro lado.
Viajavam cerca de um mês para chegar aos mercados.
Depois de cambiar suas mercadorias, retornavam seguindo no mesmo padrão.
Ou seja, mudavam os produtos de dentro dos seus sacos e seguiam no mesmo esforço.
O lugar mais temido por esses homens descalços, que vestiam apenas uma camisa de pano fino e calça, era Cerro de la Muerte.
Nesse lugar, muitos escorregaram e caíam pelos desfiladeiros para a morte.

No entanto, a área se tornou mesmo famosa por causa do grande número de almas corajosas que perderam suas vidas por conta do frio amargo daquela altitude.

Nos foi passada uma recomendação local: iniciar nossa viagem bem cedo, por volta das 5 horas da manhã.
Assim, evitaríamos o trânsito pesado dos caminhões.
Só seria indiferente no topo da montanha com a neblina. Ela estaria ali de qualquer jeito, a qualquer hora.

E assim fizemos.
No dia seguinte, saímos bem cedo.
Para nossa surpresa e como um presente, a viagem foi traquila e terminamos mais um dia bem.
Com selva verde, densa e úmida, com uma vegetação peculiar, realizamos mais uma parte da rota.

Agora, conhecendo um pouco dessa história, talvez você, ao assistir o vídeo "Um Pouco da Costa Rica sobre Nuvens", possa, além de viajar conosco pelas estradas, "ventilar" sua alma e nos entender quando falamos sobre o gostinho de vencer o "medo do desconhecido".

Esse trajeto nos fez bem.
O Cerro de la Muerte nos trouxe mais vida.

31.5.09

Uns tropeços pelo caminho

Após visitar o "Elo Perdido" de Yavisa, voltamos pela panamericana até Torti – uma outra vila no caminho.
Dormimos por lá num hotelzinho “1/2 estrela” (ou seria 1/4 ?).
No dia seguinte, 23/5, acordamos numa bela manhã ensolarada.
Rapidamente, arrumamos a Dedete e pegamos a estrada.
Agora, nosso destino seria Carti na costa do atlântico, onde o veleiro que escolhemos estava ancorado, nos esperando.

Voltamos um pouco mais pela panamericana até El Llano e encontramos uma estradinha de terra.
Na dúvida, perguntamos a um rapaz se aquela era mesmo a estrada que seguia até Carti.
Confirmada a rota, logo no primeiro quilômetro, pegamos uma subida daquelas, bem íngreme e cheia de pedras.
Ficamos um pouco tensos, porém superamos esta.
Mal sabíamos o que estava nos esperando pela frente.

A estradinha até que melhorou um pouco nos quilômetros seguintes.
Aproveitamos para curtir o visual.
Estávamos iniciando a travessia da Cordilheira de San Blas, que separa o centro do Panamá e o Atlântico.
Trata-se de Território dos indios Kuna, totalmente autônomo.
O Panamá não tem qualquer influência na administração desse território.

À medida que subíamos a cordilheira, a estrada ia piorando.
Era muita pedra, o que dificultava o controle da moto. Além disso, chove muito nessa região. Então, onde não havia pedra, havia lama.
Fui tocando lentamente.

Num certo momento, não sei porque, parei a moto e falei para a Paula guardar a filmadora - ela vinha filmando todo o caminho.
Aproveitei e guardei o Almada (nosso GPS), sem desligá-lo - não ia perder a oportunidade de registrar essa travessia raramente efetuada por motociclistas.
Tiramos umas fotos e contemplamos aquela paisagem - uma mistura de mata fechada e vales - algo que nunca tínhamos atravessado de moto.
Começamos a ficar preocupados.
Pouco conversávamos, sem querer botar medo um no outro.
Estava óbvio que aquela travessia não seria nada fácil.

Uns dias antes, quando fui informado que o veleiro estava em Carti, tentei buscar informações sobre a situação da estrada através dos meus amigos do Portal ADV Rider.
Eu não tinha conseguido nenhum relato na internet de alguém que tenha escolhido esse caminho para atingir o Atlântico - não de moto.
Um amigo meu, americano e panamenho, que tem me ajudado bastante, me mandou um email dizendo que "dava para passar", mas que também não sabia de alguém que tivesse feito essa passagem de moto e, principalmente, com alguém na garupa. Mas, também me disse que o caminho era lindo e valia a pena o esforço.
Naquela altura do caminho, achamos melhor ir seguindo com cautela.
Ainda me lembro dizer para a Paula antes de prosseguirmos :
- Nós vamos bem devagar, tá. Isso não vai ser fácil.

Logo na próxima descida mais íngreme, veio a primeira surpresa:
A Dedete perdeu a aderência nas pedras e não deu para segurar...........fomos, os três, beijar o chão.
Ainda deitado , me virei para ver a Paula. Foi um alívio vê-la deitada me fazendo sinal de positivo.
Por incrível que pareça, calmamente, nos levantamos, demos uma risadinha e começamos a retirar as malas para poder levantar a coitada da Dedete, que ainda permanecia deitada.
Por sorte, uma perua parou com 4 pessoas. Eram ingleses que estavam explorando a região. Nos ajudaram a levantar a moto.
Refeitos do susto, aproveitei para questionar se conheciam a estrada.
Dois deles disseram que, “aparentemente”, estava boa. Era só ir seguindo devagar.
E devagar seguimos por 2 horas sobre lama e pedras soltas.

Resumo : mais dois “beijos no chão”. Tudo devagar, seguindo o mesmo ritual. Verificar se o outro estava bem, risadinha sem-graça, levantar a moto e seguir.
Estávamos bem cansados, sujos e ensopados de suor no meio daquela mata fechada.

A próxima surpresa foi sermos parados por índios Kuna que estavam cobrando pedágio por passarmos pela reserva – US$ 2 por pessoa mais US$ 3 pela moto. Tudo calculado na hora, na base do improviso.
Hummmmm…….naquela situação, cheios de lama, o melhor era pagar e seguir.
Novamente, questionei o estado da estrada e, novamente, fui informado que estava “boa”.
Só achei estranho quando o índio me disse em espanhol :
-      Tem um rio pequeno. Mas, acho que está seco.
Bem, não havia muito mais o que fazer, a não ser seguir vagarosamente.

Um pouco mais a frente, o “rio seco” surgiu à nossa frente.
Até onde sei, aquilo era muita água com correnteza.
Ficamos paralizados.
Só faltavam uns 2 KMs até o aeroporto de Carti - nosso destino. E estávamos exaustos.
Sentamos na beira do rio e começamos a pensar no que fazer. Até que dois jipes 4X4 chegaram. Eles também iam atravessar o rio.
Conversamos um pouco sobre onde seria o melhor lugar para cruzar. Um rapaz entrou no rio até o meio para ver a profundidade. Parecia que dava. Decidimos que uma perua iria na frente, eu viria na sequência na Dedete e a outra perua viria logo em seguida, “só pra garantir” se algo acontecesse.
Decidimos também que a Paula iria na primeira perua. Ela fez uma carinha de desgosto. Mas, naquela altura da viagem, o melhor era facilitar ao máximo a dirigibilidade da Dedete. As malas também foram colocadas na perua.

Confesso que tive medo. Acho que nunca me concentrei tanto numa atividade (vide fotos).
Fui entrando no rio com a Dedete, me esforçando para mantê-la em movimento, enquando seguia o traçado da primeira perua. Senti o frio da água entrando nas minhas botas e subindo pela perna. A Dedete foi seguindo firme no meio da correnteza. Passou pela metade, começou a ficar mais raso, até que atingimos a outra margem.
De dentro da perua, a Paula me fazia sinal de força e sorria.

Aquele evento inesperado acabou nos dando força para seguirmos o que faltava da estrada, ainda com muita lama, água e pedras.
Fui seguindo a perua até que, de repente, ela fez uma curva para a direita e entrou numa estrada asfaltada.
Não entendi nada.
Asfalto no meio da selva ?

Pronto. Chegamos !!!!
Estava motorando em plena pista do tal aeroporto de Carti.
Um pedacinho de asfalto no meio da mata.
O aeroporto é uma mistura de pista, vila e marina – fica já no mar.

No “terminal do aeroporto” (vide fotos), já tinham várias pessoas locais (Kunas) nos aguardando para colocar a moto na “lancha” (vide fotos) para chegarmos até o veleiro.
E lá fomos nós em mais essa………
Moto na “lancha, seguimos até o veleiro que nos aguardava calmamente em uma outra baía.
O processo de subida da moto no veleiro foi até bem simples. Utilizamos os cabos (adriça) da vela mestra.
Em poucos minutos, a Dedete já conhecia sua nova garagem para os próximos dias.
E assim, depois de uma noite de descanso, zarpamos para conhecer as ilhas e aldeias Kuna no arquipelago de San Blas.

30.5.09

Yavisa - o fim da metade

Chegando no Panamá

Muito bem. Vamos voltar um pouquinho no tempo.

Primeiro, cruzamos a fronteira entre Costa Rica e Panamá.
Na fronteira, descobrirmos uma janela na Aduana onde vários aventureiros deixaram suas marcas, colantes, lembrancas etc.
Conseguimos autorizacao para colocar um colante "DaQuintaPraNove" no local.
Ficou bem legal.



Tocamos direto até a Cidade do Panamá.
Foi uma puxada bem cansativa em 8 horas. Porém, precisávamos disso para podermos incluir no plano uma visita a Yavisa, no final da Rodovia Panamericana - algo que não estava em nosso planejamento inicial.

No dia seguinte, fomos conhecer a Eclusa "Miraflores" no Canal do Panamá.
Achei a técnica utilizada para a construcao do Canal muito interessante, principalmente se considerarmos que trata-se de um projeto desenvolvido no início do século 20.
O fato que me chamou mais a atencao é a simplicidade do processo de subida e descida dos navios que atravessam o canal, tudo feito sem utilização de qualquer bomba mecânica.
A água preenche os compartimentos das eclusas por pressão natural vinda do lago - o qual está localizado acima do nível do mar.

Acredito muito na simplicidade como algo fundamental para concretizarmos nossos sonhos.

Também fomos conhecer o Museu do Canal e busquei bastante informacao sobre a Gestao desse grande projeto.


Miraflores - uma das Eclusas do Canal


Navio subindo na Eclusa Miraflores



29.5.09

Bienvenidos a Cartagena de Indias - Colômbia

Queridos amigos aventureiros,

     Chegamos à América do Sul !!!!
     Estamos em Cartagena, na Colômbia.
     Hoje, finalmente, descemos a Dedete do veleiro e fomos para um hotelzinho.
     Foi uma semana cheia, muito cheia de experiências.
     Fomos até o final da Rodovia Panamericana, depois cruzamos a Cordilheira de San Blas (muito dificil), colocamos a Dedete no veleiro e cruzamos até Cartagena, passando por várias Ilhas habitadas por indios Kunas.
     Muitas histórias, fotos e videos acumulados.
     Estamos bem cansados.
     Devagar, vamos colocando as coisas em ordem.
     Essa mensagem é só para dizer que estamos bem e seguindo nosso sonho.
     Muito obrigado por todas as mensagens, emails de apoio.
     Vocês estão nos ajudando muito nessa jornada.

Lúcio & Maria Paula

21.5.09

No Canal do Panamá !!!

Cruzamos o Canal do Panamá !!!!!
Muita emoção quando avistamos esse famoso marco e cruzamos a ponte.
Já fomos dar uma espiada nas eclusas, Museu do Canal etc.
Depois, com calma, postamos tudinho.

Agora, estamos nos preparando para conhecer as Comunidades Embera próximas ao Darién Gap (espaço que separa Panamá e Colômbia).
Na sequência, vamos conversar com o proprietário do veleiro que nos pareceu adequado para fazer a travessia até Cartagena - Colômbia.
O Diário de Bordo deve ficar desatualizado uns dias. Vamos entrar agora numa região sem acesso à internet.

Torçam por nós !!!

20.5.09

Portal Rock Riders

Muito bacana a oportunidade de conversar com o jornalista Policarpo Jr. do Portal Rock Riders.
Se quiserem ver na íntegra :

19.5.09

Uma lembrança para você

Gostaríamos de oferecer a imagem ao lado (Jardín Botánico Lankester - Costa Rica) a todos que tem nos acompanhado nessa jornada.

São tantas manifestações de carinho e apoio que temos recebido diariamente.
O melhor sentimento é saber que não estamos viajando somente "a dois".
Somos muitos :
Clubes, individuos, casais, brasileiros, portugueses, americanos, os mais experientes (+ idade), os novatos (mais novos).......
Cada um ocupando seu espacinho na Dedete.

Muito obrigado !!!

Lúcio & Maria Paula
Sempre nas Estradas

15.5.09

Também é hora da revisão do planejamento

Como mencionamos em outro post, estamos aproveitando a etapa da Costa Rica para fazermos uma análise mais detalhada do nosso planejamento e as próximas etapas.
Como sempre gosto de frisar, montar um plano e acompanhá-lo são atividades muito interessantes e até divertidas.

De uma forma geral, estamos seguindo o planejado.
Mas............................Graças a Deus, sempre tem um (ou alguns) "mas".
Ao longo do caminho, estão surgindo oportunidades que, para abraçá-las, teremos que ajustar nosso plano.

Uma delas, que está me "tentando" dia e noite, é seguirmos até o fim da rodovia panamericana no Panamá.
Até o fim ?
Sim. A rodovia panamericana acaba em certo ponto no Panamá (Yavisa) e só recomeça na Colômbia. Não há como atravessar esse pedaço conhecido como "Darien".
Veja bem: "não há" é algo muito forte. Que tem jeito, tem.
Mas, nós já havíamos decidido que não queríamos correr esse risco.
Porém, ir até a "pontinha" da estrada (Yavisa) conhecer as comunidades Embera - ao invés de virar para o norte na Cidade do Panamá - é algo que começou a crescer na minha cabeça. Estamos analisando.

Com relação à travessia em sí (Panamá - Colômbia), estou na fase de, digamos, "negociação" com os proprietários dos veleiros.
Uma coisa foi entrar em contato e deixar as embarcações "engatilhadas". Outra é, agora, fecharmos o negócio.

Duas embarcações já foram descartadas.
Uma, por pura questão de segurança (ou falta de). Não se encaixou nas minhas premissas.
Outra, porque o proprietário colocou tanta restrição que, também, não me senti confortável em pegar o timão.

Dentre as coisas que tenho muito respeito estão : o mar e as estradas.
Já defini algumas premissas de segurança com relação a essa travessia pelo mar e, até que me provem o contrário, não posso abrir mão delas.
Risco sempre haverá (bem........tem sempre o cemitério para quem estiver em busca de "risco zero"). Mas, já definimos nossa tolerância e como pretendemos mitigar os riscos existentes.

Enfim, estou negociando com mais uma embarcação. Vamos ver.
Se não der certo, teremos que abortar a travessia pelo mar e seguir a tradicional travessia pelos ares (arrghh).

Só não vou colocar a "Equipe" em risco adicional, desnecessário.